Em sua sétima edição, o Oxigênio Festival contou com muitas bandas e artistas ilustres da cena musical brasileira, entre o mainstream e o underground. Como conta o produtor do evento Rafael Pelegrino, o Piu, em entrevista ao Lindie, foi uma dificuldade encaixar tantos nomes relevantes pretendidos.
Entre esses nomes, estava a destacada banda menores atos, que faz turnê de divulgação de seu novo EP, intitulado Lúmen. O grupo tocou no sábado, 19 de novembro, segundo dia do festival. A apresentação, a princípio prevista para 21h15, aconteceu apenas às 22h, em razão de atrasos que afetaram toda a agenda do dia.
O clima que precedeu o show da menores atos foi de positiva ansiedade, tanto por parte dos fãs — que compareceram em peso — quanto da equipe de som e da própria banda. A pouca distância entre os dois palcos do Oxigênio Festival permitia ouvir Di Ferrero encerrando seu show, com sucessos de sua ex-banda Nx Zero e de sua carreira solo. O final da apresentação de Di seria o aviso de início para a menores atos.
Enquanto fumava, Cyro Sampaio, vocalista principal e guitarrista da banda carioca, aproveitou o momento para se divertir com seu público, cantando os hits da Nx Zero ouvidos ao fundo, assinando camisetas e conversando. E, a cada canção terminada, equipe e público clamavam pela menores atos, de modo desconcertante e apaixonado. Então, após a crescente impaciência e euforia dos fãs, o início do show foi anunciado. Cyro, Celso Lehnemann (baixo e vozes de apoio) e Ricardo Mello, o Bola (bateria e vozes de apoio), assumiram seus postos e abriram a apresentação com uma de suas faixas mais ouvidas: Doisazero. Assim, os ritmos imprecisos e quebrados do grupo, juntos à voz firme e sensível de Cyro, foram de encontro a uma plateia calorosa que tomou a canção para si, cantando com força e convicção.
Em sequência, vieram outras músicas icônicas do trio: O Que Te Trouxe Até Aqui, Amanhã e Devagar, que fizeram o público se inflamar cada vez mais. A menores atos expôs, com intensa energia e entrosamento, sua estética sentimental que flutua pelo math rock, indie, hardcore melódico, entre outras colorações alternativas do rock.
Celso e Bola esbanjaram habilidade e energia na realização dos arranjos intrincados de suas músicas. Cyro, ainda que de olhos bem cerrados em razão do que fumava antes do show, manteve seus dedos ágeis e precisos. O que se percebeu, em relação ao vocalista, foi a fuga de alguns agudos rasgados presentes nas gravações originais de algumas faixas. Cyro optou por um canto mais brando e melódico em certos pontos nos quais, antes, realizava ataques vocais mais marcados. Mas, de forma alguma, faltou entrega e intensidade do vocalista, que teve, assim como seus companheiros, uma excelente performance.
A apresentação continuou com Animalia e À Distância. Em seguida, o estado lisérgico de Cyro o traiu: ao tentar, por algumas vezes, tocar a próxima música, intitulada Além do Caos, o vocalista não conseguia lembrar um trecho da letra. A situação, que poderia causar algum desconforto, gerou nada além de risos em Cyro, na banda e no público. Despreocupado, o vocalista pediu ajuda da plateia e, após relembrar os versos, seguiu com naturalidade a canção.
Vieram, então, as canções Breu e Aquário, ambas do lançamento mais recente da menores atos: o EP Lúmen, que dá nome à turnê atual do grupo. Aquário contou com a participação surpresa de Kamaitachi, que havia se apresentado durante a tarde do mesmo dia do Oxigênio Festival. E, sendo essas as únicas faixas do EP presentes no setlist do show, ficou evidente a preferência da banda por privilegiar suas canções já consagradas, sempre muito aguardadas pelos fãs.
Houve, depois, uma quebra de dinâmica, para o momento mais intimista do show, em que Cyro fica sozinho com sua guitarra no palco e toca Sobre Cafés e Você, fazendo, com a emblemática e sentimental canção, todo o público se unir em um coro catártico.
E, após isso, outros dois sucessos da banda — Passional e Sereno — anunciaram, intensamente, o fim da apresentação da menores atos no Oxigênio Festival. A última faixa, que possui muitos trechos cantados por Bola — apoiado por Celso —, deixou ainda mais clara a coesão, o companheirismo e a química do grupo, que, após encerrar seu set, ficou nos entornos do palco, conversando, dando autógrafos e tirando fotos com fãs visivelmente felizes e satisfeitos.
Ouça menores atos: