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Vic Fuentes, vocalista da Pierce the Veil, em show em São Paulo

Publicado porRedação

em 12/04/2023

Escrito por Fernando Vinícius e Mariana Luiza

No dia 9 de abril, a casa de shows Audio, localizada na Barra Funda, foi tomada pela energia da emblemática banda emo Pierce The Veil. O carismático e extraordinário grupo, que foi formado em 2006 e coleciona vários sucessos em sua trajetória, retornou ao Brasil em evento viabilizado pela GIG Music. A noite inesquecível contou também com o poderoso show de abertura feito pela banda Gloria, que não deixou a desejar e aqueceu o público com seu metalcore.

A bruta harmonia da Gloria

Como normalmente acontece em noites que envolvem bandas internacionais, todos os horários definidos para as apresentações foram respeitosamente cumpridos. Assim, a pontualidade trouxe a banda Gloria ao palco poucos minutos após as 19h, para fazer o show de abertura do evento. Mi Vieira (vocal), Vini Rodrigues (guitarra e voz), Peres Kenji (guitarra) e Leandro Ferreira (bateria) encontraram a casa cheia e um público animado que os recebeu aos gritos.

Segundos bastaram para que a Gloria cativasse a plateia com seu metal alternativo. A banda começou sua apresentação com a faixa Vai Pagar Caro Por Me Conhecer, hit de seu álbum mais popular, o homônimo Gloria (2009). E, ainda que atualmente não tenha um baixista, o grupo demonstrou todo o peso de sua sonoridade, que combina graves e agudos com muita competência.

O show seguiu com as músicas Karma e Voa, ambas do álbum Acima do Céu (2019). Os riffs poderosos de guitarra e a bateria marcante conversavam em bruta harmonia com os guturais de Mi Vieira e a voz delicada de Vini. Explorando suas dinâmicas, a Gloria criava um clima cada vez mais intenso e se aproximava do público.

Mi Vieira fez o público pular e aproveitar cada segundoMi Vieira fez o público pular e aproveitar cada segundo / Crédito: Mariana Luiza/Lindie

Na sequência, a banda tocou A Cada Dia e, depois, passou por três faixas de seu disco (Re)Nascido (2012): Horizontes — que, na gravação original, conta com a participação ilustre de Lucas Silveira, da Fresno —, Bicho do Mato e A Arte de Fazer Inimigos. Assim, o virtuosismo, a entrega e presença de palco dos integrantes do grupo deixaram sua marca no público que pulava e cantava com força letras metafóricas sobre angústias internas, como em Horizontes: “Não tenho horizontes, eu navego nesse mar/ Não existe procura sem algo pra encontrar”.

Já na parte final do show, o grupo entregou mais sucessos de seu álbum homônimo: Minha Paz, Anemia e Asas Fracas levaram a apresentação ao seu ápice. Em meio à plateia, eram muitos os celulares registrando o momento e ainda mais as vozes cantando junto com a banda. A atmosfera da casa havia sido transformada pela apresentação de abertura, o que serviu como mais uma prova da importância da Gloria para o rock brasileiro e do admirável talento de seus integrantes.

Peres Kenji ao longo da apresentação interagindo com a plateia Peres Kenji ao longo da apresentação interagindo com a plateia / Crédito: Mariana Luiza/Lindie

A espontaneidade de uma noite memorável

Extasiado pela abertura, o público parecia não aguentar mais esperar um minuto sequer pela atração principal. Ainda que o tempo entre os dois shows tenha sido curto, percebia-se uma multidão alvoroçada e se espremendo para tentar cada vez mais se aproximar do palco. Já perto da grade, por vezes subiam braços com celulares exibindo “banners” pedindo para que as pessoas se afastassem um pouco, o que a ansiedade dos demais parecia ignorar. Faltando pouco menos de dez minutos para que a Pierce the Veil subisse ao palco, os bombeiros da casa foram chamados para realizar a avaliação de pessoas que diziam não se sentir bem. 

Em conversa com um grupo de garotas que ocupava a grande parte da grade em frente ao palco, foi dito que algumas delas chegaram antes das sete da manhã para garantir espaço na fila, mais de doze horas antes do show começar. Foi assim, que em meio a gritos fanáticos e pessoas passando mal, ouviu-se uma voz que dava instruções a um dos bombeiros posicionados em frente ao palco: “Se eu passar mal, não me tira daqui!”.
Por volta das oito e meia, horário marcado para o começo do show, a banda, anunciada pela música El Rey de Vicente Fernández, dava início a uma noite que se tornaria inesquecível para os presentes na casa de shows paulistana. 

A canção Death of an Executioner do álbum mais recente, The Jaws of Life (2023), foi a escolhida para iniciar uma setlist impecável. A plateia, que cantava a plenos pulmões, fez a música nova parecer uma velha conhecida. Isso pois, em alguns momentos, as vozes eram tão altas que davam a impressão de poder encobrir a potência do microfone do vocalista Vic Fuentes.

Vic Fuentes conversou com os fãs em diversos momentos do showVic Fuentes conversou com os fãs em diversos momentos do show / Crédito: Mariana Luiza/Lindie

Totalmente envolvido pela energia da casa, o baixista, Jaime Preciado, parecia bastante confortável em cima do palco. Por vezes, inclinava seu baixo e seu próprio corpo em direção ao público, como se tentasse ocupar todos os espaços da Audio, de integrante da banda à parte da plateia. De modo mais tímido, mas ainda enérgico, o guitarrista, Tony Perry, não passava despercebido, se movimentava por todo o palco e, junto aos outros dois integrantes, revelava o forte vínculo que une a Pierce the Veil.

Caraphernelia, Pass the Nirvana e Bull in the Bronx foram as músicas seguintes, expondo que, apesar da turnê levar o nome do novo álbum, a banda havia pensado em uma seleção encarregada de agradar tanto os novos fãs quanto os mais antigos. E assim foi feito, passando por canções de Selfish Machines (2010), Collide With The Sky (2012), Misadventures (2016) e The Jaws of Life (2023), o show apresentou uma mistura de sensações e de letras responsáveis por marcar o processo de amadurecimento de seus intérpretes.

Uma noite memorável foi entregue pela Pierce the Veil na AudioUma noite memorável foi entregue pela Pierce the Veil na Audio / Crédito: Mariana Luiza/Lindie

Em constante conversa com o público, Vic Fuentes reforçava que a banda sentiu falta de realizar apresentações no Brasil e que aquela seria uma noite especial, pois era a que finalizava a turnê México/América do Sul, iniciada em março deste ano.

À medida que a metade do show se aproximava, a música Emergency Contact foi anunciada e o vocalista tirou um tempo para explicar um pouco sobre o conceito por trás de sua criação. Disse amar a ideia romântica e mórbida de que a pessoa que você mais ama na vida é o primeiro contato chamado em uma situação de emergência. Também tomou um tempo para dedicar a canção à sua esposa e filha recém-nascida.

Precedida pelo eletrizante hit Stained Glass Eyes and Colorful Tears, a apresentação da canção Bulletproof Love foi outro momento marcante do show. A banda abandonou o palco e, logo depois, Fuentes voltou sozinho segurando um violão. Explicou que a versão original da música exigia agudos que sua voz, cansada da turnê, poderia não aguentar e pediu que os fãs o ajudassem a cantá-la. Se a opção pela versão acústica causou estranhamento, o público ao menos não deixou transparecer, pois mais do que prontamente cantou junto ao vocalista com toda a emoção que a música poderia pedir.

Aproximando-se do final do espetáculo, todos os integrantes voltaram ao palco para fazer a plateia ir à loucura novamente, desta vez com as canções Disasterology, Circles e Hold on Till May. Foi durante a ponte dessa última que os músicos realizaram outra pausa e aproveitaram a oportunidade para contar sobre o quão próximos se sentem dos fãs quando tocam essa música. Nesse momento, olhando para a plateia, o vocalista pediu que Preciado o ajudasse a escolher um fã para subir ao palco. A dona da voz que no começo do show instruiu o bombeiro a não retirá-la da pista caso passasse mal durante a apresentação fez toda a espera da fila valer a pena: Vitória foi escolhida pelo vocalista e subiu ao palco para uma experiência única. Olhando em seus olhos, Vic Fuentes retomou a canção, causando grande entusiasmo entre os presentes.

Após A Match Into Water, a banda despediu-se, deixou o palco e as luzes se apagaram. Apesar disso, os fãs já desconfiavam que o show não havia acabado - uma das músicas mais aguardadas por todos, King for a Day, ainda não fora tocada. E o nome da canção foi o que se ouviu entre gritos sincronizados enquanto a banda estava ausente. Para a felicidade geral os integrantes apareceram novamente e, contrariando as expectativas, iniciaram outra música, Dive in. Mas isso não foi motivo de decepção, os fãs, que ainda apresentavam a mesma energia do início do show, cantavam o mais alto que podiam e abriam rodas de bate cabeça.

Pierce the Veil entregou um espetáculo aos presentes Pierce the Veil entregou um espetáculo aos presentes / Crédito: Mariana Luiza/Lindie

A queridinha, King for a Day, veio em seguida para finalizar de vez o espetáculo. Parceria da Pierce the Veil com Kellin Quinn, vocalista da Sleep with Sirens, a música foi a cereja do bolo na finalização de uma noite inesquecível. Era clara a euforia do público em aproveitar cada segundo do show que findava, com uma conexão fantástica que havia se criado com a banda, nenhum dos dois grupos parecia querer deixar o local.

E foi assim que, os fãs que deixaram, hipnotizados, a Audio naquela noite provaram o motivo pelo qual a Pierce the Veil, mesmo com tantos anos de estrada, continua atraindo fãs do mundo todo!  

Plateia em êxtase na apresentação da Pierce the Veil Plateia em êxtase na apresentação da Pierce the Veil / Crédito: Mariana Luiza/Lindie

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