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Montagem com fotos da Odeon, Cinema4D, Hayley Williams e Gerard Way

Publicado porLuisa Pereira

em 25/09/2022

Sem jamais sair dos corações dos fãs, o emo e o pop punk deixaram de ser do mainstream por volta de 2010. O que não esperavam era que, uma década depois, os gêneros se apresentariam com tamanha força entre a geração mais jovem - além dos que já tinham o som como estilo de vida e presenciaram todo o movimento anterior -, especialmente fomentado pelas redes sociais, como o Tik Tok e Instagram.

Em 2022, pela primeira vez na história, o emo teve um dia exclusivo no Rock in Rio, com Fresno, Avril Lavigne, Fall Out Boy e Green Day. Meses antes, também teve espaço no Lollapalooza, com a presença de A Day to Remember e Alexisonfire. Agora, há rumores que o festival paulista trará Paramore e Blink-182 em sua edição de 2023.

Na música, TV, cinema e estética, o que se nota é o retorno de todo um movimento parecido com aquele dos anos 2000, mas com novas facetas. O lápis nos olhos, franjas e roupas pretas com correntes já desfilam pelas ruas.

As novas - e antigas - facetas

Sonoramente, um dos grandes responsáveis pelo retorno é Travis Barker, consagrado baterista da Blink-182 e produtor musical, que dedicou parte da década a encontrar o público jovem e inserir elementos do emo e pop punk em novos estilos de música, como o rap. Na cena emo rap, alguns nomes ganharam destaque, como Lil Peep, XXXtentacion e Juice Wrld. No Brasil, o rapper VidaIncerta traz essa mescla de gêneros em suas músicas.

A jornada de Barker cruzou com a de Machine Gun Kelly, até então conhecido como um rapper “bad boy” e, juntos, produziram e lançaram Tickets To My Downfall, em 2020. O álbum, que tem influências de The Best Damn Thing (2007), de Avril Lavigne, coloca guitarras distorcidas, letras introspectivas e melancólicas e a “aura” emo dos anos 2000 para jogo.

Em paralelo, Yungblud já se destacava há algum tempo com seus álbuns 21st Century Liability (2018) e Weird! (2020), além do EP The Underrated Youth (2019). A volta de bandas consagradas nas últimas décadas após longos hiatos também animou o público, como foi o caso de McFly e My Chemical Romance, ambas em 2019. 

No Brasil, a onda foi fomentada pela banda que nunca parou de estar na cena: a Fresno. Com o brilhante Sua Alegria Foi Cancelada (2019), até os que estavam mais afastados do estilo deram um jeito de lotar os shows da turnê. O grupo também promoveu a QuarentEMO durante a pandemia para arrecadar doações para as famílias que estavam passando por necessidades nesse período. Em 2021, chegou mais um álbum deles, Vou Ter Que Me Virar.

A pandemia e a explosão do gênero

Ainda que já existisse a onda forte desde meados de 2019, a explosão do emo para fora da bolha que já aguardava seu ápice aconteceu ao longo da pandemia. A constante presença online e os sentimentos aflorados e introspectivos criaram uma onda de lançamentos, tanto no Brasil, como no mundo, com maiores similaridades com o gênero.

Bandas novas surgiram e, no mundo, o pop voltou a usar influências do emo em suas músicas. Olivia Rodrigo, um fenômeno de 2021 na música, lançou a faixa good 4 u em seu primeiro álbum Sour, cuja inspiração principal para a melodia é Misery business, do Paramore. Willow, antigamente associada ao pop e R&B, lançou lately I feel EVERYTHING.

O emo no Tik Tok

O aplicativo que virou febre entre a nova geração também conseguiu reviver alguns dos grandes clássicos do passado, como I’m just a kid, música lançada em 2002 pelo Simple Plan, com um desafio de postar novas versões de fotos da infância. Dear Maria, count me in, de 2008 do All Time Low, também recebeu uma enxurrada de vídeos com imagens nostálgicas.

Outras faixas que foram remixadas e usadas por vários usuários da plataforma foram good 4 u e Misery business, que, pela similaridade, foram postas juntas no mesmo áudio.

O retorno dos consagrados e o desejo de entrar para o emo

Para atestar a onda do retorno do emo ao topo, grupos consagrados na última década retornaram às suas formações, como a Hevo 84 e Replace, no Brasil, e Yellowcard, nos EUA. Mesmo sem anunciar pausas, outros nomes consolidados voltaram com lançamentos, como: Simple Plan, com Harder Than It Looks (2022) e Avril Lavigne, com Love Sux (2022).

Artistas que faziam parte de outros estilos, mas que mantinham o emo entre suas vivências da adolescência, buscaram pelo gênero em seus mais recentes lançamentos, como Day, com Bem-Vindo ao Clube (2021) e Demi Lovato, com Holy Fvck (2022). 

No Brasil, apesar da onda norte-americana já ter chegado, o pop punk ainda não aparece entre os gêneros mais escutados do país, como ocorreu há uma década. Mesmo assim, a retenção de um público mais jovem, entre os 15 e 18 anos, têm acontecido de forma exponencial. Além das referências externas, o meio underground promove diversas festas emo, como é o caso do Bloco Emo, Emo Revival e Também Fui Emo, onde é possível gritar a plenos pulmões - e dançar - os maiores sucessos do estilo. 

É cedo para cravar uma nova geração do gênero, mas é certo dizer que os “emos velhos”, como diz Lucas Silveira, da Fresno, estão mais felizes do que nunca com o retorno de bandas consagradas ao cenário e, claro, da manutenção das mais antigas no topo. 

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