O processo de amadurecimento acompanha todas as áreas da vida de uma pessoa, seja ela de qualquer bicho profissional. Fica evidente, no entanto, quando um compositor, que transfere todas as suas emoções para uma letra, passa por esse processo. Sávio, prestes a lançar seu primeiro álbum, Converso Com Todas As Coisas, é um desses músicos com o processo de evolução escancarado nas canções.
Isso porque, em 2020, o cantor e compositor disponibilizou seu projeto de estreia, o EP Moletom, nas plataformas digitais e, em menos de um ano, mostrou uma diferença sólida de sonoridade e composições com os lançamentos dos primeiros singles do disco, programado para o dia 22 de outubro. As músicas que compõem o trabalho, entretanto, foram compostas ainda na adolescência do artista.
“É uma coisa que eu fico satisfeito, tem gente que fala ‘eu não gosto muito do meu trabalho antigo, olha que porcaria e tal’ e eu já vejo diferente, é mais infantil, só que em um ano a gente caminhou tudo isso. Em um ano crescer dessa maneira eu já penso 'pô, tomara que no próximo eu escute esse hoje e fale pô, infantil’. Penso assim, acho que é um primeiro trabalho interessante, que eu gosto das composições e acho que tem coisa maneira ali, acho que me representa de alguma maneira também, foi uma fase na minha vida, até porque as músicas eram antigas, a música que você escreve amadurece da mesma forma você, né? E tipo, quando eu escrevi com 16, 17 anos, não é a mesma cabeça com que eu escrevi em 2020”, conta Sávio em entrevista exclusiva ao Lindie.
Para além das composições mais maduras, baseadas no cotidiano da vida do artista na casa em que passou a infância e adolescência, Sávio também avançou na produção musical de suas canções. Após o lançamento de Moletom, finalizado por Vinicius Pitanga, integrante da Duane, Braga e Vini, o projeto Remoto, em sua maior parte gravado e produzido pelo artista em casa, proporcionou mais conhecimento sobre suas vontades na música. "Quero fazer coisas cada vez melhores. Acho que eu tenho um caminho pra seguir e se tudo der certo, vai ser muito bom, e eu espero que dê certo”, pensa ele.
O clima do primeiro álbum
Com referências de Rubel, Anavitória e, em partes, Emicida, Sávio produziu Converso Com Todas As Coisas para “tentar caminhar nessa cena da Nova MPB”, como explica. Oito das nove faixas foram escritas 100% por ele, com exceção de TudoBem, em parceria com Anna. “Ela tem um processo de composição maneiríssimo, mandei o convite, nem nos conhecíamos, e ela topou na hora e uma hora depois me mandou a parte dela”, conta Sávio.
Para o disco, o cantor buscou mesclar o clima solar e quente do Rio de Janeiro, onde nasceu e vive até hoje, com as partes mais intimistas, em voz e violão, transitando entre a Nova MPB e indie pop, trazendo, inclusive, alguns elementos eletrônicos. “Acontecer, que é a primeira música, foi uma das primeiras músicas que do disco que compus, já tinha até tocado em show, ela é mais solar, é mais a ideia do disco, que é passar uma uma coisa de dia, calor, um ambiente Rio de Janeiro”, diz Sávio.
Apesar de passar a mensagem do álbum, a faixa não traduz o todo, já que a mudança brusca idealizada pelo artista traz um tom diferente ao trabalho. “Eu não quis fazer um disco a mil e eu também não quero fazer um disco todo down e eu quero que tenha essa diferença”, explica. Assim, o disco continua em alta por mais três faixas, Quanto Tempo Faz, Fala e Dedé. “Fala, que tem um sopro, tem uma uma jogadinha meio Soul. A quarta, que é meio sambinha, é a Dedé, onde nós fizemos um samba ali meio com influências de Marcelo D2, com um pandeiro”, completa.
O clima começará a mudar com a chegada da faixa-título, Converso Com Todas As Coisas, em parceria com Pedro Mann. Mais intimista, a faixa é levada por voz e violão. “A ideia foi justamente essa, ter uma explosão, é meio que crescente assim da vibe mesmo do disco, de sentimento e aí depois do ápice, que eu considero sendo Dedé, que é uma coisa mais animada, e descontraída, ele dá uma caída para um jeito que é pra sentir que é brusco mesmo, uma mudança brusca no sentido de, ‘ó, a gente tava vindo muito muito forte e agora vamos cair para um violão aqui em voz e baixinho justamente porque eu quero conversar com todas as coisas’”, fala. “É propositalmente diferente, inclusive, a próxima faixa é TudoBem, que é justamente no sentido de que a mudança é brusca, mas tudo bem. O nome da música é tudo bem junto porque está errado na norma culta da língua e tudo bem, é essa a intenção. Ao final do disco tem essa nona faixa que já é uma coisa mais animada e desapegada do resto todo. É pra ser também a parte assim do que foi o disco”, finaliza.
A tracklist de Converso Com Todas As Coisas:
1- Acontecer
2- Quanto Tempo Faz
3- Fala
4- Dedé
5- Converso Com Todas As Coisas, part. Pedro Mann
6- TudoBem, part. Anna
7- Devo Te Contar
8- Você Me Seguiu
9- Casa 100 - nona faixa
Futuro
Para além de seu primeiro álbum, o artista já prepara novos projetos, que ainda estão em fase de planejamento. “Para o ano que vem eu já tô com muita coisa semi pronta, ainda não decidi o que eu vou lançar”, pondera. “ A gente tinha a ideia, a princípio, de fazer um ano de feats de fazer umas parcerias. Estava repensando essa ideia porque eu estava querendo uma coisa mais intimistazinha, algo que representasse esse tempo de pandemia que eu fiquei compondo a beça, coisas tristes. Então eu fiquei meio na dúvida, mas agora essa semana eu tô indo para um estúdio e gravando uma música já pro ano que vem e essa com certeza eu vou lançar que já é uma coisa bem mais animada e já tem um caminho mais de outras referências, como Gilsons e Jovem Dionísio”, completa.
Por ora, o foco é em Converso Com Todas As Coisas, com o lançamento em 22 de outubro. Envolto de todos os processos potencializados ao longo do último ano, o álbum é a chave para que Sávio entre de vez no hall das maiores revelações da Nova MPB. Trazendo luz às músicas, o artista tem um longo caminho a trilhar.
Ouça Sávio: