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Funérea - Foto: Mariana Luiza

Publicado porGabriela Reis

em 19/04/2024

Quando você pensa em música, o que vem à mente? Acho que como uma das pessoas que acompanhou o crescimento da Funérea de longe, mas com muito entusiasmo, posso dizer que pra mim, a única coisa que me vem à mente é o amor. Não aquele amor romântico, ou aquela coisa de mel na cueca que todo mundo adora falar e se deleitar sobre. Eu estou falando sobre o amor na sua forma mais pura. Sabe?

Quando eu falo de amor, eu digo que existe amor na forma que os três integrantes, Lucas Carmo (guitarra/vocal), Lucas Santos (bateria) e Pedro Lanches (baixo) se dedicam para unir as personalidades de cada um tão diferentes, em uma só coisa, misturada em algo que agrada os ouvidos e acolhe o coração. É ver, em cada pequena coisinha, o entusiasmo de fazer arte com coisas que querem ser ditas, que pula da alma e passa pela garganta com muita rapidez de forma fluída.

Talvez começando do início, podemos dizer que a fase mais embrionária da banda nasceu com Carmo e seu projeto em “The Letters To”, com letras em inglês que se inspiraram nas bandas favoritas do jovem, e que tinham coisas passionais a se dizer. Nesse meio tempo, ele também chegou a se aventurar no hardcore com a banda Lights Out, mas pouco tempo se deu até que ele percebesse que não era por esse caminho que ele gostaria de trilhar.

Mas não podemos negar as origens emo do nosso vocalista, é claro, que inspirado por My Chemical Romance e seu guitarrista mais enérgico, Frank Iero, fizeram com que ele optasse por algumas referências específicas, mas Carmo não se resumia só ao emo, e o punk também foi uma das paixões colocadas em prática, com o nascimento da Accdnts (que se pronunciava Acidentes). 

Idas e vindas até então, fizeram com que a Accdnts se transformasse em algo mais… conceitual, e original. Rebatizada pela nova formação, que contava agora com um novo baixista, as referências aos anos 2000 ficaram mais fortes, e assim nasceu Funérea, a banda.

Além de Carmo, Lucas Santos também é um ancião do projeto, acompanhando Carmo desde a antiga formação, até os dias de hoje. Olhando de fora, acredito que ele seja o responsável por influências mais clássicas, dado ao passado onde ele frequentava eventos de motoclube com seu pai, (coisa que a pessoa que escreve, também pode se afeiçoar). 

A trajetória de Santos nesse primeiro momento começa um tanto improvável, já que ele aprendeu sobre bateria jogando videogame no antigo Guitar Hero. Depois de tanto insistir ao pai, ele conseguiu uma bateria usada, ainda sem os pratos, que foram adquiridos anos mais tarde em um desses eventos de adultos malucos que acampam por aí ouvindo música e pegar estrada. 

Diferente de Carmo, Santos acabou mergulhando nas bandas covers após a separação de sua primeira banda autoral, Disco Reverso. Com o passar dos anos, Lucas acabou se empenhando cada vez mais na música, mesmo focado em bandas não-autorais, porém, tudo muda quando ele é chamado para um show na ETEC que Carmo possuía contatos, e assim, inicia-se o primeiro elo entre os dois.

Como se não bastasse serem xarás, a música também passou a uni-los, em anos mais tarde, Carmo faria então o convite a Santos para o projeto Accdnts, no ano de 2022. 

O último a chegar, sendo um dos responsáveis pelo rebrand da banda, foi Pedro Lanches. Vindo diretamente de Campo Grande e nascido em 2004, o jovem viajou mais de mil quilômetros para chegar em São Paulo, a cidade onde a pluralidade cultural é latente e palpável. 

Após o cruzamento de caminhos um tanto quanto improvável (mas nem tanto, já que sabemos que o underground é do tamanho de um ovo de codorna, e todas as estradas levam para os mesmos lugares), Pedro Lanches recebeu um convite semanas depois, para fazer parte de algo que tem de tudo para ser uma banda promissora.

O casamento de ideias diferentes, de um rapaz que não teve muito contato com o emo durante a adolescência para além dos recortes geográficos, é algo que, olhando de fora, pode beirar a estranheza, mas se torna mais único e mais latente.

Acredito que falar de talento sem falar de amor, não tem muito sentido. O amor é o combustível do talento, e o talento, um reflexo do amor. Sei que sou suspeita, e que também escrevo isso por amor não só à música, mas à eles também, e se não fosse isso, possivelmente nem existiria a Funérea. E nem eu estaria aqui escrevendo essas linhas tortas. 

O talento da Funérea reside no amor que todos eles dedicam à música, às composições, à escrita e a forma que cada um enxerga e lê a vida. É uma honra acompanhar, e sentir que recebo, hoje como fã (e quinta beetle) um pouquinho dessa enxurrada que me inspira e me move, todo dia um pouquinho.

Se você está lendo isso, significa que você também apoia e recebe esse amor todo. Então, seja bem-vindo, porque eles estão só começando…


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