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Higor, Bruno, Allan e Tiago em ordem. Lado a lado, eles olham para a câmera. Eles estão em um parque e o sol está forte

Publicado porLuisa Pereira

em 18/11/2020

Voz, violão, guitarra, baixo e bateria unidos em um indie brasileiro e alternativo, ecoando mensagens de amor e dor aos ouvintes. De maneira simplista, a banda Submerso pode ser descrita assim. Profundamente, entende-se que o grupo não se resume apenas neste aspecto.

Formada em São Paulo entre 2015 e 2016, a Submerso é formada por Tiago Cuzziol, Allan e Higor Melo e Bruno Burgos e, entre encontros e desencontros, lançou o oitavo single de seu primeiro álbum na última semana. “Sinto Você Ferver” é a faixa mais diferenciada até o momento, com nuances eletrônicas, produção mais rebuscada e proposta sensual. O material, gravado ano passado, contou com a produção de Esteban Tavares.

O lançamento do trabalho marca o primeiro ano da Submerso “trabalhando sério”. Antes de iniciar a difusão das faixas produzidas em 2019, os músicos se apresentaram ao mundo com três canções: “Tomo a Direção”, “A Corte” e “Abismal”. Todas em 2017 e, em seguida, passaram quase dois anos sem produções.

Depois de “Hoje eu tentei falar de amor”, “Meio Segundo”, “Ela”, “Sobre Eu e Você”, “Isabel”, “Enfrente”, “Canto Dos Desolados” e “Sinto Você Ferver”, a Submerso prepara mais um lançamento em 2020 e pretende finalizar as estreias do primeiro álbum nos primeiros meses de 2021. Para os próximos dias, há o ainda o clipe do último lançamento. “Fomos bem cautelosos na gravação. Para essa música, não poderia ser só a gente filmando e tocando. Tivemos uma equipe pequena e a atriz”, afirma Tiago, vocalista do grupo.

Leia a entrevista dos músicos com o Lindie:

Lindie: Como a Submerso surgiu?

Tiago Cuzziol: Eu e o Allan nos conhecemos por intermédio de um amigo. Desde adolescentes, nós tínhamos bandas e esse amigo acompanhou os processos e dificuldades de cada um antes de nos apresentar. Ele também queria fazer parte da Submerso, mas resolveu sair do projeto quando viu que estava ficando mais sério. Nesse momento, eu chamei o Bruno, que tinha tocado comigo quando adolescente, o Allan chamou o Higor, irmão dele, para a bateria. Nada foi à toa e acho que é um dos motivos da banda estar tão estruturada e trabalhando de uma forma boa.

Lindie: “Sinto Você Ferver” é bem diferente das músicas anteriores de vocês. Quais foram as maiores influências na música para a produção dela?

Tiago: A ideia da composição é um pouco bobinha [risos]. Na época em que o filme Cinquenta Tons de Cinza foi lançado, ficou em alta por um período e eu decidi assistir. O que me chamou bastante atenção foi a trilha sonora, importante para a criação do clima sensual criado na história. Na minha vida de compositor eu nunca tinha feito algo com esse teor e propósito. Então criar algo a partir daquelas influências foi um desafio pessoal que eu me arrisquei a fazer. O ponto é que antes mesmo de terminar de escrever, eu já sabia que essa música não iria ser àquela feita com a voz e o violão. Iríamos precisar de uma produção maior e de influências que não tínhamos. No meio da gravação, chegamos até a nos inspirarmos na Beyoncé.

Allan Melo: Essa música é realmente a mais diferente já lançada pela Submerso, ouso até a dizer que é a que mais destoa do álbum, ela é a que menos tem conexão com as outras. Para essa música, se eu não me engano, o que nós pensávamos era algo mais orgânico - guitarra, bateria e teclado  -, sem itens eletrônicos e quem propôs isso foi o Esteban Tavares quando estávamos produzindo para ficar mais moderninho.

Lindie: Como essa parceria começou com o Tavares começou?

Allan: Conhecemos em um show em 2017 e começamos a conversar. Depois disso, produzimos “Hoje eu tentei falar de amor” e, como gostamos do resultado, fechamos 10 músicas com ele. Nesse período, foram alguns meses na escrita, gravação e produção das faixas. Primeiro, fizemos 20 para escolher 10. Depois, acabamos mais duas para entrar “Meio Segundo” e “Isabel”, novas músicas que o Tiago tinha feito. O período em si foi perfeito, ele é um ótimo produtor, uma ótima pessoa, pudemos compartilhar um pouco das experiências e foi fantástico.

Lindie: Na live de lançamento, vocês chegaram a falar sobre a importância do consentimento nas relações. Vocês acreditam que a música passa por uma tendência nova de conscientização do público ou isso já é antigo?

Tiago: A arte em um geral tem o trabalho de conscientização. Obviamente, com o passar do tempo, especialmente no último século, esse material precisa ser vendável. O princípio artístico sempre é fazer com que a gente reflita, seja com uma contestação política, ideia ou alguma emoção nova. O artista está sempre querendo mexer com as pessoas. “Canto dos desolados” é uma letra mais combativa e mais contundente. De maneira geral, o artista está sempre tentando lançar alguma reflexão.

Lindie: A Submerso está lançando um álbum aos poucos, com um single por vez. Como essa decisão foi tomada?

Allan: Acreditamos que o mercado de música mudou e hoje as pessoas consomem de uma forma diferente. O Spotify, por exemplo, trabalha com algoritmo, sempre mostrando para os usuários faixas parecidas com as que ele já escuta. O aplicativo indica também sons ouvidos pelos amigos. Mas o ponto mais relevante disso é a preferência por artistas que estão em constantes lançamentos. Se nós soltarmos um álbum com dez músicas de uma vez, o Spotify contabiliza apenas como um produto novo, mesmo que dentro dele existam mais faixas e vai distribuir dessa forma. Agora, soltando uma música por vez, a plataforma entende que nós estamos sempre chamando os fãs e fazendo coisas novas.

Há também o fato de trabalhar as redes sociais. Quando nós temos lançamento, obviamente conseguimos movimentar o Instagram, Twitter e Facebook. Isso porque preparamos os conteúdos e estamos sempre lembrando quando a música vai sair. Depois que é lançada, ficamos anunciando para ninguém esquecer, fora as lives.

Lançar por singles deve se tornar mais frequente, mas já acontece há algum tempo. A Anitta começou isso no Brasil em 2016. Acho que lançar uma faixa por vez é mais inteligente do que publicar tudo de uma vez. Claro que nós ficamos ansiosos com isso, temos músicas gravadas há mais de um ano e queremos que as pessoas escutem, mas para que elas ouçam, mergulhem e entendam todo o som, é mais viável soltar assim. Com um álbum inteiro de dez músicas de uma vez, talvez não dê para o público se interessar por todas. Lançando separadamente, eles têm tempo para isso.

Lindie: Vocês já têm uma base de fãs mesmo com pouco tempo de banda, inclusive com o perfil “Família Submerso”. Como vocês se sentem com fãs que já se dedicam tanto pela banda?

Tiago: Eu fico lisonjeado. Temos uma brincadeira entre o fã-clube e a banda para ver quem é mais “cadelinha” um do outro. Eu fico pasmo. Quando vemos que existem pessoas que trabalham entre si e separam tempo para nos ajudar, é sublime. Tem fã que já fez tatuagem da banda, mandam presente, fico pasmo mesmo. Esse último lançamento eu tirei um tempo de madrugada para agradecer o pessoal que estava engajando e compartilhando a música. Eu sou fã dos meus fãs, essa é a realidade. Fico muito agradecido e honrado com tudo que eles fazem.

Allan: Eu não me acostumei ainda em ter fãs, então é sempre muito gratificante e muito feliz. Todo presente, comentário, sempre que alguém para e escrever uma mensagem, seja para conversar ou agradecer, é uma experiência muito boa. Muito gratificante.

Lindie: E quais são os próximos planos de vocês?

Allan: Fazer a maior quantidade de shows, inclusive fora de São Paulo, e gravar o segundo álbum.

Lindie: E as duas últimas músicas desse álbum?

Allan: Uma será lançada em dezembro e a última fica para janeiro ou fevereiro, acredito. Mas iremos lançar uma ainda esse ano.

Indicações Submerso

Lindie: Para finalizar, quais os últimos lançamentos nacionais que vocês acham que merecem ser indicados?

Tiago: “Sua Alegria Foi Cancelada”, da Fresno. Acho que foi um divisor de águas na área. Também tem os singles novos do Tavares, que está fazendo um ótimo trabalho.

Allan: Pra mim, "Temporal", do Esteban Tavares, "Caburé", da Scalene, "O Dia Seguinte (a do Itamar)", do Rodrigo Alarcon, e a o segundo álbum do Scatolove, "Cavalice no País das Maravilhas".

Ouça Submerso:

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