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Montagem com as imagens de Gee Rocha, Di Ferrero, Hayley Williams e Gerard Way, sobre o Dia do Emo.

Publicado porLuisa Pereira

em 24/09/2021

Marcado na lembrança por conta das características melódicas nas músicas e, na parte estética, pelos olhos marcados com lápis preto, cabelos lisos, com franjas cobrindo os olhos e, às vezes coloridos, somados às roupas pretas, All Stars, correntinhas e demais acessórios, o Emo dominou o cenário no início do século, marcando a geração de uma década. Agora, o movimento, que nunca morreu, ensaia uma volta ao mainstream, apesar de amar estar underground.

Nesta sexta-feira, 24 de setembro, comemora-se globalmente o Dia do Emo. Sem nenhuma referência específica do porquê da escolha da data, é provável que seja um movimento criado pelos fãs do gênero ainda nos anos 2000 para celebrá-lo, já que o movimento representou mais que a música dos jovens: promoveu o pertencimento a um grupo que não se encaixava em outros ambientes.

Em um consenso geral, o surgimento do estilo é datado na década de 80. O Emo (abreviação de emotional hardcore e emocore) nasceu da cena post-hardcore de Washington, nos Estados Unidos, com as bandas Rites of Spring e Embrace. O destaque entre estes artistas e os que já estavam inseridos em outros gêneros da época, como o rock progressivo, eram as letras poéticas, introspectivas e carregadas de sentimentos e emoções. 

O gênero ganhou ainda mais força na década seguinte, quando bandas como Jimmy Eat World, Dashboard Confessional, Blink-182, Green Day, Good Charlotte e Sum 41 surgiram. Com fortes ligações com o pop punk, o estilo conseguiu abranger ainda mais grupos que nasciam, como o Simple Plan e o All Time Low, no início dos anos 2000. A forte aderência e a entrada no mainstream colaboraram para que o Emo estivesse presente com constância nos canais voltados à música e até mesmo nos mais gerais. O festival próprio para o estilo, Warped Tour, proporcionou o selo que faltava para que o estilo ganhasse as ruas com um movimento próprio.

No final dos anos 2000, mais ou menos na época em que My Chemical Romance, Fall Out Boy e Panic! At the Disco assumiram o protagonismo do movimento, o screamo ascendeu com bandas como Underoath, trazendo outros grupos como Bring Me The Horizon e Sleeping With Sirens para a cena.

Ao final da década, porém, o estilo que havia ganhado tamanho destaque ao longo dos anos, começa a sair de cena aos olhos do público geral com as experimentações de artistas já consagrados no meio em outros gêneros, como o próprio Panic! At the Disco. Com a saída - ou pausa - de cada vez mais bandas do “emo tradicional”, é o screamo que permanece, ainda que para um público mais nichado, em alta.

A cena brasileira

Em meados de 2003, o movimento começa a ganhar força no Brasil, estabelecendo uma tribo urbana na cidade de São Paulo e se espalhando para as demais capitais do Sul e Sudeste. As mais conhecidas da época são, sem dúvidas, as bandas Fresno e NX Zero. Outros nomes foram Hevo84, Fake Number, Replace, CW7, e outras.

Enquanto a cena internacional começava a diminuir, o “emo colorido” ganhou espaço no Brasil. Representado pelas bandas CINE e Restart, o movimento abraçou os mais jovens - que ainda não faziam parte da tribo - entre os 10 e 12 anos.

Movimento cultural

O Emo foi mais que um estilo musical em destaque nos anos 2000. O movimento foi capaz de criar uma tribo unida, com seus próprios códigos e trejeitos. Do cabelo colorido, posto sobre o rosto, as roupas pretas e com acessórios quadriculados, o gosto musical foi capaz de juntar pessoas de diferentes regiões e estilos de vida. No entanto, na época, era comum que os participantes do movimento negassem o rótulo de emo, preferindo permanecer no guarda-chuva do rock, ainda que se encaixasse na tribo.

Volta ao topo

Desde 2019, o pop punk tem voltado a ser visto com mais força no cenário internacional e fomentado, ainda mais, a cena underground brasileira, inspirando o surgimento de novas bandas como a Seventeen Sunsets e a adaptação da VENVS. O retorno, entretanto, traz elementos mais atualizados aos sons, se desprendendo em alguns pontos da sonoridade clássica no estilo.

A Fresno, que não deixou de existir por nenhum segundo e foi consagrada dentro do gênero, lançou Sua Alegria Foi Cancelada em 2019 e, agora, trabalha em seu novo projeto, INVentário. Outros artistas da cena, como Vidaincerta, também preparam novos trabalhos.

Assim, ao que tudo indica, a sonoridade deve voltar a estar no mainstream e abraçar ainda mais vertentes, mas estar ou não entre as músicas mais ouvidas das plataformas não indica a morte ou vida de um estilo musical. O Emo está vivo em cada um que é parte do movimento. E isso não se apaga.

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