Unidos pela vontade de tocar juntos da forma que queriam, Luna Vaz (vocal), Gus de Bem (bateria) e Cookie (baixo) conseguiram tornar a Dennehy algo magistral, único e cheio de personalidade. Little Less Rough, música lançada em abril, é prova disso. Com um metalcore moderno explorado pelas linhas de guitarra, baixo e bateria, há, ainda, a inserção de elementos eletrônicos já característicos da banda.
A união do synth-pop e heavy metal na sonoridade do trio é, de longe, uma combinação que funciona. No entanto, quem escuta Little Less Rough não pode resumir a Dennehy às características dessa faixa. Isso fica claro na penúltima música lançada pela banda, I.D.K, que traz um lado mais pop melódico, elementos eletrônicos e uma letra sobre emoções intensas.
É exatamente isso que faz a Dennehy única: a vontade incessante de experimentar coisas novas. “A gente sempre foi muito ousado neste quesito. No início éramos mais indie, mais suaves. Depois de lançarmos o álbum, nos apresentamos e pensamos que, se fossemos lançar algo novo, teria que ser diferente. Ficamos pensando para que lado ir, mais pesado ou leve, e fizemos os dois”, conta Luna em entrevista exclusiva ao Lindie.
Da formação a atualidade
Formada em 2017 por Luna e o ex-guitarrista Ian, a dupla virou um trio com a entrada de Gus de Bem e, depois, um quarteto com a chegada de Cookie. “A ideia da banda era poder criar um grupo que misturasse vários estilos que gostávamos muito, que fosse algo novo e apenas nosso”, diz Luna.
A vontade de já começar o projeto produzindo música foi grande e, desta forma, surgiu o primeiro EP do grupo, com a sonoridade definida por eles como “rock de garagem”. Cru e com poucos elementos em comparação a atual fase da Dennehy, o material não consta mais nas plataformas digitais.
Dois anos depois, em 2019, o disco inaugural homônimo do trio brasiliense foi lançado. Produzido por Ricardo Ponte — conhecido pelos trabalhos com Scalene, Dona Cislene e Lupa —, o projeto exibe melhor o início da jornada dos músicos até 2023 ao longo das nove faixas, mostrando a identidade que eles queriam imprimir.
Para entender melhor o que gostariam ou não de expressar com a Dennehy, os shows foram determinantes para os músicos. Assim, ao longo dos ensaios e apresentações, eles identificaram pontos a serem melhorados e, ainda, coisas que sentiam falta de ter em suas canções. “Quando tocamos percebemos o que gostaríamos de fazer e o que já fazíamos bem, então as composições seguintes saíram com mais identidade”, relembra Gus. “A gente sempre pensa na dinâmica do show. ‘E se fosse um pouco mais viajado, uns teclados, uma harmonização?’”, completa Luna.
Atualmente, ainda há indecisão sobre como seguir na formação da Dennehy com a saída de Ian, já que é uma opção ficar sem guitarrista ou integrar de vez Felipe, o músico que faz os shows com o grupo. Existe também a possibilidade de buscar por outra pessoa que esteja disponível.
Amadurecimento e experimentação
Entre um ensaio e outro — que eles gostam de fazer tanto em estúdio, com o tempo delimitado, quanto na casa de alguém, como um "acampamento" de um ou dois dias — os integrantes da banda amadureceram suas composições e experimentação de elementos nas músicas.
Em um dos exemplos, Luna citou que se, ao longo do ensaio, uma baqueta cai, pode surgir uma inspiração para uma pausa pequena na música na hora do show. Assim, todos conseguem se inspirar nas pequenas coisas que acontecem durante o período em que estão juntos tocando as faixas já lançadas, em produção ou as que ainda estão compondo.
Sem um processo de composição definido, o trio pode partir de diversos caminhos para a produção de uma canção, seja da letra, bateria, baixo ou guitarra. “Quando vou escrever uma letra, sempre penso em um conceito: “o que eu quero que essa música passe?”. Tento visualizar o produto final. Little Less Rough queríamos deixar as pessoas desconfortáveis. Mas depende muito, cada música tem sua história, é única”, elabora Luna.
Além das diversas fontes de inspiração no cotidiano, o grupo também busca referências na música. Para o último lançamento, eles se inspiraram em bandas como Architects, álbuns antigos de Arctic Monkeys, Bring Me The Horizon e Bad Omens. “A proposta sempre foi misturar essas referências de coisas que gostamos e tentar dar nossa própria interpretação para isso”, finaliza Gus.
Estética
“Nunca tivemos receio de parecer doidos”, brincou Luna entre uma resposta e outra da entrevista. A afirmação, em tom cômico, reflete a banda não apenas na inovação sonora, mas também em relação à estética utilizada para cada lançamento. Para Little Less Rough, que retrata a indústria do entretenimento, o visual circense foi escolhido, sendo usado desde as fotos de divulgação ao clipe da faixa.
“Sempre me identifiquei muito com essa maquiagem. Brinco que, se for para usar maquiagem, faz uma coisa doida, joga um delineador na cara. Acho que é uma forma de expressão muito forte”, explica Luna.
Daqui em diante
A Dennehy é uma banda que, normalmente, deixa um tempo entre um lançamento e outro. Mas, para esse ano, eles estão preparando um novo projeto. Com o lançamento de Little Less Rough em abril, os músicos devem disponibilizar outro single próximo a julho, ainda sem data definida. O compilado de faixas em si, ainda em definição se será um álbum ou EP, deve chegar ao final do ano, se tudo ocorrer como eles estão planejando.
“Não só músicas novas, mas umas versões novas também, que é uma coisa que todos da banda sempre quiseram e, agora, estamos em uma fase de experimentação”, conta Cookie. “É sempre legal fazer lançamentos porque é uma oportunidade legal de apresentar uma coisa nova, não queremos ser repetitivos, ser muito mais do mesmo de nós. Queremos sempre apresentar uma nova versão nossa. Essas novas músicas são muito interessantes porque vamos trabalhar com um conceito, de um universo, não é só como as músicas foram até então”, encerra Luna.
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