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Eddu está de azul, segurando uma lavanda e olhando para cima, não para a câmera

Publicado porLuisa Pereira

em 20/08/2021

Envolto por música desde a infância, Eddu escolheu o fundo dos palcos, junto a bateria, como seu lugar. Por 10 anos, esteve neste local junto à banda instrumental ATR. Ao longo da carreira, ideias de músicas iam e vinham, mas nunca eram finalizadas por conta da vergonha do músico com a composição e seus processos, além de suas cobranças consigo mesmo. Sua visão com a arte e sua forma de expressão mudou após sua jornada de autoconhecimento ao longo da quarentena, quando se propôs a criar uma música por semana, com começo, meio e fim, e embarcar no planejamento do lançamento de seu primeiro EP Tudo Que Me Interessa Agora, composto por quatro faixas.

Disponível na íntegra nas plataformas digitais nesta sexta-feira (20), o EP é fechado pela canção Pra Si Mesmo, produzida por Habacuque Nakazato Lima e acompanhada de videoclipe, dirigido por Mariana Ayumi. As outras três faixas, Estamos Vivos, Calma e Acontece  (feat. com ÀIYÉ) foram lançadas entre 2020 e 2021.

Ex-baterista da ATR, que nos últimos anos apostou em uma migração para o ritmo eletrônico, Eddu trouxe maior brasilidade ao seu trabalho solo, unindo essas vertentes com os sintetizadores do eletrônico. “Minha principal raiz é a música brasileira, que eu sempre ouvi em casa, desde a minha avó e meu avô, aos meus pais. Além de que eu sempre compus no violão. Foi para esse lado naturalmente. A junção que fiz foi o meu estudo de música brasileira junto com o violão e composição com os sintetizadores da música eletrônica, como timbre, textura”, explica ele em entrevista ao Lindie. Nesta mescla, todas as faixas ganharam a presença dos dos sintetizadores, algumas mais, outras menos. 

Processo de autoconhecimento

Em uma longa jornada de autoconhecimento, Eddu passou por processos até assimilar suas particularidades como artista solo no meio da arte. Primeiro, embarcou no desafio de, finalmente, encarar as ideias deixadas para trás durante anos e finalizá-las, dando a elas início, meio e fim. “Tinha várias músicas perdidas, ideias interrompidas por conta da vergonha. E eu tinha vergonha de mim”, relata ele. 

Durante a escrita, o olhar para dentro foi intenso e íntimo, permitindo o entendimento dos processos pessoais e, assim, possibilitando a libertação dos entraves criados por ele mesmo. Depois disso, o fluxo de composição fluiu melhor, com muito mais material a analisar. O EP nasceu, na verdade, após a perda de mais de 200 canções escritas em um celular antigo de Eddu que, após a tristeza, resolveu tentar relembrar quais eram as faixas e como elas soavam.

Desse exercício, surgiram as quatro finais de Tudo Que Me Interessa Agora. Primeira resgatada neste processo de relembrar as faixas perdidas, Estamos Vivos abre o EP com um misto de bossa nova com os sintetizadores. Com uma letra refletida nos poemas da escritora paulistana Aline Bei, aponta para um mergulho no autoconhecimento. Além de assinar a composição, Eddu Porto também produziu, gravou vozes, violão, sintetizadores e percussão.

Segunda faixa, Calma foi uma das últimas a serem compostas e a mais rápida. Em uma semana, a letra e a primeira gravação dela foram finalizadas na casa do artista. “Ela é resultado de uma semana de imersão”, aponta o artista.

Acontece, única com feat no trabalho, marca também a maior presença de mãos para a finalização. Sua produção contou com o apoio de Michele Cordeiro (Emicida e Paulo Miklos) na guitarra, Lua Bernardo (Luedji Luna) no baixo, Daniel Pinheiro (Xênia França) na bateria, Donatinho, que dividiu o registro dos sintetizadores com Habacuque Lima, que também assina a produção musical da faixa, mixagem e composição de arranjos. 

Pra Si Mesmo encerra o material em alto astral, com as palmas e coro ao final, que fizeram Eddu imaginar um show ao vivo. 

Ouvir as canções em ordem de lançamento chama a atenção para o trabalho vocal exercido pelo artista, que no início era cru, para algo mais trabalhado. “Durante o processo fui me entendendo mais e fui assimilando o que era eu cantando. Da primeira música (Estamos Vivos) para essa (Pra Si Mesmo) tem uma diferença enorme da projeção de voz, ela estava mais fechada. Estou estudando voz há quase um ano e meio e eu via que estava em uma melhora constante, tanto na voz quanto no violão”, narra Eddu.

Simbologias

A expressão de Eddu não ficou apenas nas letras e sonoridades das faixas, mas também em suas identidades visuais, trabalhadas uma a uma, com empenho em suas redes sociais. Para Estamos Vivos, o símbolo escolhido foi saturno, com o laranja ao fundo; em Calma, a lavanda com o lilás; Acontece possui um girassol à frente do vermelho; e Pra Si Mesmo, o verde foi o tom predominante. Na capa do EP, a junção - de forma minimalista - de todos os elementos trouxe a mescla dos tons. De acordo com Eddu, a paleta e a identidade visual de todos os singles já haviam sido definidas previamente.

Para juntar todas as faixas, o clipe tem cinco cenas. A primeira é neutra, com um figurino branco, e as outras quatro possuem elementos dos singles. Assim, apesar de ter apenas uma das músicas ao fundo, ele fecha o projeto contemplando todo o material.

Conhecimento

No meio musical há 15 anos, Eddu também é sócio-fundador da agência Let's GIG, que atende grandes nomes do cenário musical brasileiro, como a banda Tuyo. Munido desse conhecimento gerencial, seu EP de estreia já faz parte da cartela de lançamentos da agência.“Eu entendi que para eu tocar nesse lugar que eu tanto queria, usando a cena, eu precisava fortalecer essa cena, fazer com que ela acontecesse e se expandisse”, conta ele.

Ouça Tudo Que Me Interessa Agora:

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