O sentimento catalisado por inúmeras vivências transborda do peito e da alma da Bullet Bane em BLLT, 5° álbum de estúdio da banda, lançado no último dia 6. Intimista, maduro e com a impressão digital do grupo, o disco chegou para mostrar a essência e conexão dos músicos, que, ao vivo, estendeu-se ao público em show apoteótico em São Paulo, dia 21 de maio.
Formada por Arthur Mutanen (vocal), Danilo de Souza (guitarra), Fernando Uehara (guitarra), Rafael Goldin (baixo) e Renan Garcia (bateria), a Bullet Bane usou o período incerto da pandemia para fazer o que mais ama: música. Primeiro, em um sítio, os integrantes se propuseram a chegar sem prévias e, juntos, formularem as canções. Em seguida, para finalizar o que faltava, o quinteto se reuniu na praia.
Com oito faixas, o álbum é resultado das mãos de todos os integrantes, sendo cada música um pouco de cada um deles, quando a união do grupo precisou ser fortalecida ao longo da pandemia. “A gente estava sentindo falta do ambiente de viajar junto, de estar junto mesmo, porque todas as outras coisas a gente estava produzindo, criando pra banda com uma empresa, só que a gente perdeu muito do lado ser humano de estar junto. Então, se não for pra viajar pra tocar, vamos viajar pra pra produzir o disco junto”, revela Arthur Mutanen sobre o ponto inicial do nascimento de BLLT, em entrevista ao Lindie.
O disco já chega com o pé na porta com Pra Não Ter Que Enxergar Onde Errei, que traz riffs acelerados e pesados somados a voz catártica de Mutanen. A faixa é explosiva e, ao mesmo tempo, íntima, apresentada de coração pelo grupo. “Eu já amei a dor mais do que queria admitir. Mais do que aguento relembrar. Mais do que queria admitir. Mais do que aguento relembrar”.
Esse vazio ocupa TANTO ESPAÇO, traz um ar diferente da anterior, é mais ritmada e vai crescendo aos poucos, com trocas de ritmo e sintetizadores. As guitarras preenchem os momentos de pausa ao mesmo tempo em que o sentimento transborda das palavras cantadas, com o eu-lírico gritando por ajuda. Após o ápice, volta a baixar o tom, deixando quase melancólico. “Me ajuda a largar esse falso sorriso / não sei se melhora ou acaba comigo / me ajuda a entender que sou mais do que isso / não sei se aguento ou se agora eu desisto”.
A terceira faixa do disco, Sentir, é um single lançado em 2021 e é como um grito de coragem em meio a dúvida do que pode acontecer no futuro. Escrita antes do restante das músicas, ela representa tudo o que as outras vieram a ser, trazendo, realmente, uma prévia do projeto mesmo que ele ainda nem estivesse na cabeça dos músicos. “Amor que machucou também faz sentir / e eu quero sentir / e eu deixo explodir / o que coração sentir, eu não quero controlar”. Se as três primeiras composições mostravam uma estrutura sólida que liberta os ouvintes, cancela o replay, carrega um momento de calma consigo, sendo usada como um interlúdio, uma pausa, um tempo para respirar e seguir….porque tem mais!
Organizando MEU VAZIO volta em alta, mas a voz de Mutanen está mais calma, ambientada por uma sonoridade suave. Uma das mais íntimas do disco, ela leva o ouvinte ao centro do coração da banda, quase como uma conversa ao pé da cama. “Ontem dormi com a janela aberta para ver se o sol vai me distrair, hoje acordei tremendo os dentes de tanto frio / Ontem dormi com a janela aberta para ver se o sol vai me distrair, hoje acordei organizando o meu vazio”.
O único feat de BLLT é Lembro quando começou, em parceria com Lucas Silveira. "Sabia que ia ficar foda porque eu sempre soube que ele canta muito bem, mas existem dois tipos de feat que é alguém cantando em sua música e o que parece que a música foi feita pra ser assim. Nesse caso, a música parece que foi feita pra ser assim. Parece que é perfeita assim com essas duas vozes”, declara Mutanen.
Fechando o disco, NO FIM, talvez tem tom de reflexão. “Eu já amei a noite toda e sempre esqueço quando vejo amanhecer, mas ainda não sei quantas vezes dessas vezes era apenas solidão”. Mais melancólica, ela termina com um uma incógnita, repetindo o nome da faixa e, assim, deixando em aberto os sentimentos do eu-lírico, que seguia se descobrindo.
De coração aberto, Bullet Bane conta sobre BLLT
LINDIE: A pandemia começou assim que vocês lançaram Ponto. Como isso atingiu vocês já que não puderam fazer shows dedicados ao disco?
Mutanen: Então, foi bem esquisito pra mim porque - pra todo mundo foi, claro - foi o primeiro disco que eu fiz completamente com a banda. Antes disso eu só tinha feito algumas músicas com eles e o resto das coisas que a gente tocava em shows eram músicas compostas com o antigo vocalista, nesse momento ia colocar minha cara, minha identidade, minhas características na estrada, literalmente na semana que a gente lançou o disco foi quando o [João] Dória - Governador de São Paulo em 2020 - anunciou a quarentena oficialmente, tanto que a última que eu vi pessoas antes disso foi na festa de lançamento, quando nós fizemos uma audição do disco. Foi a última vez que eu fiz qualquer coisa, porque dois dias depois já estava tudo fechado. Isso, obviamente, foi muito negativo pra gente. Mas eu gosto de olhar pro lado positivo do que foi uma banda muito de estrada e tal. E eu tenho uma vivência diferente, bem mais de internet em si nesse aspecto, de um outro tipo de público e não tive tanto essa vivência da estrada na pele mesmo quanto eles. Foi um saco a gente não poder viajar, que é o que a gente mais gosta de fazer, tocar e conhecer as pessoas, fazer com que elas se emocionassem com a nossa parada, não teve troca de energia, que é o ponto principal pra gente como uma banda. Conseguimos fazer um monte de coisa legal na internet, não paramos de produzir e aumentamos bastante o nosso público, muitas pessoas conheceram a gente durante a pandemia. Nós compusemos algumas músicas a distância, mas também nos juntamos durante duas semanas num sítio para gravar um disco novo e, depois, novamente, mais duas semanas na praia pra fazer disco junto, pra terminar o disco…isso era um negócio impossível na época que a gente estava fazendo o Ponto, porque todo mundo estava vivendo vidas insanas, extra da banda, todo mundo estava fazendo muita coisa e aí a gente, quando tinha final de semana, quando tinha tempo junto, íamos tocar, viajar…então, na pandemia, a gente conseguiu parar pra dar dois passos pra trás, analisar o que queríamos, pensar no que poderíamos fazer. Eu consegui me comunicar e me conectar com o público, eu me senti muito mais aceito durante a pandemia, porque as pessoas não estavam mais na loucura da vida. Estavam mais na telinha da internet e lá eu me sinto confortável. E então ficou este ponto positivo. Nós conseguimos nos reunir para criar um disco junto, mais ser humano, porque o Ponto foi criado a distância. A gente gravou, produziu, pensou tudo a distância, já que todo mundo tem estúdio em casa e gravamos tudo separadamente. Esse disco novo a gente fez junto, a gente compôs junto, eu trouxe algumas ideias e desenvolvemos elas juntos.
LINDIE: Como que vocês decidiram, pararam e falaram: “gente, vamos nos encontrar, vamos escrever alguma coisa, vamos produzir algo”...e como foi essa experiência de produzir esse disco?
Mutanen: No geral, todo mundo é muito coração assim, não sei nem como explicar isso direito, mas o sentimento, a realidade, a sensação é muito importante pra todo mundo da banda e a gente estava sem se ver e, consequentemente, sem conversar muito. Nós fizemos coisas ao vivo nessa época, tocamos no Hangar numa live, na Fabrique também. Mas a gente estava sentindo falta de viajar junto, estar junto mesmo, porque todas as coisas a gente tá produzindo e criando pra banda com uma empresa, só que a gente perdeu muito do ser humano de estar junto. Então, se não for pra viajar pra tocar, vamos viajar pra pra produzir o disco junto. Então foi daí que veio a decisão. Estávamos com saudade de ficar juntos, saudade de se ver e, querendo ou não, banda é tipo um casamento, um namoro. Então se você está distante da pessoa, algumas partes podem se desconectar, não que as pessoas parem de se gostar, mas o tempo distante vai ferindo essa união assim. Sempre achamos muito importante que o primeiro ponto de ter uma banda nos eixos, é todo mundo estar feliz, todo mundo tem que estar bem, porque é assim que as coisas andam bem. E cada um com seus problemas pessoais durante a pandemia, a gente achou importante se ver de novo, estar junto de novo e dar risada, fazer coisas aleatórias igual quando viajávamos, que é isso que que realmente dá força a uma banda, a união. Tenho certeza que não é só a gente, qualquer banda gigantesca dos Estados Unidos ou de qualquer outro lugar, se você for perguntar, vai ser essa resposta.
Já no processo de produção desse disco, estávamos sentindo que, como a gente - não do lado pessoal -, mas na gravação e criação, a distância estava ficando um pouco difícil. Não estávamos conseguindo bater ideia e pensar muita coisa juntos. Eu tinha milhões de pedaços de letra, de refrãozinho aqui, coisas ali, então fomos pra lá [sítio], não tínhamos organizado nada, foi até meio assustador, a gente tinha organizado ‘ah, temos quinze, vinte ideias, sei lá’, não tínhamos organizado nada. Fomos meio no susto, assim, meio acolhido, a gente estava com medo disso, na real, de não ter organizado nada, mas no final isso foi o mais legal, porque o disco nasceu tão natural que eu não consigo nem explicar direito como ele surgiu. Chegamos e, na primeira noite, montamos o estúdio na casa em que estávamos, era um lugar bem legal, grandão, bem confortável e a gente podia fazer barulho estupidamente alto às cinco da manhã se quiséssemos, então foi perfeito. Estava só a gente e no segundo dia de manhã a gente foi tomar café da manhã, eu peguei o violão e comecei a mostrar pra eles uma música acústica que eu tinha feito. O Fe já pegou o violão já começou a tocar uma coisa em cima e falou, ‘porra, temos uma ideia de alguma coisa, vamos gravar’. E gravamos essa música em um dia. No dia seguinte a gente estava procurando coisas no computador, achamos uma outra coisa legal que alguém tinha feito de guitarra, eu tinha pego uma outra melodia. A Pra Não Ter Que Enxergar Onde Errei era uma música minha que era eletrônica e eu mostrei pra eles a versão antiga e a gente ficou ‘caralho, será que a gente consegue fazer isso virar uma música?’, e, aos poucos, fomos construindo. Então foi um processo muito mais de conjunto criativo, foi muito legal isso porque antes era se a gente trouxesse prontas, a gente ia só gravar como se fosse um estúdio, mas nós compusemos juntos, pensamos nas partes, pensamos em tudo juntos e isso foi o que tornou esse álbum, pra mim, tão especial quanto ele é. As músicas são únicas, dá pra perceber que ele tem uma essência muito única, muito nova assim é fresco, é uma parada fresca que não teria nascido se a gente tivesse feito cada um no seu quarto, foi porque foi natural mesmo. Muito legal.
LINDIE: O álbum tem uma ordem planejada? Tem algumas relações entre as músicas, vocês pensaram nessa relação? Como em Esse vazio ocupa TANTO ESPAÇO e, depois, com Organizando MEU VAZIO.
Mutanen: A alma dele [o disco] foi criada no sítio. Então metade das letras eu fiz antes, uma parte durante e uma parte depois. Mas o coração das músicas foi feito lá, as programações que são os pianos e violinos, entre outros efeitos, fiz depois. A gente não tinha pensado em conectar nada nesse momento, mas como faço todas as letras e nesse disco decidi fazer uma parada muito pessoal, profunda e sem vergonha mesmo, porque, às vezes, são assuntos que você tem vergonha de falar ou de falar com sinceramente, não falo esses assuntos com ninguém, só escrevo, é difícil de falar. Todas as letras e os contextos nasceram no mesmo período e no mesmo momento psicológico. Então, naturalmente, tudo se conecta muito, não foi uma uma coisa pensada, mas os assuntos, na minha cabeça, é meio que é um disco que não são de várias músicas com vários assuntos, é um disco que é um um grande assunto que vai desmembrando pra várias coisas em várias diferentes, em ambientes diferentes, mas que contam a história de um mesmo ser humano. Acho que é por isso que dá essa sensação de estar conectado e morar no mesmo ambiente.
LINDIE: Como vocês pensaram a ordem das músicas? O disco começa super em alta e vai baixando...
Mutanen: Sou muito fã desse tipo de dinâmicas. Sempre pensamos que as coisas devem seguir em ondas e quando você começa a enjoar do pesado, precisa ter alguma coisa leve, até que volta em alguma coisa pesada. Então acho que é meio que isso e também no fundo [levamos em consideração] a sensação de ouvir. Testamos algumas coisas e pensamos 'putz, essa música depois dessa passa uma sensação melhor’. No fim, talvez tem um sinal meio apoteótico, com um final longo e é meio viajado. Então, a gente pensou, ‘putz, essa é legal pra ter no final', tem uns violinos, ela começa a ganhar mais elementos… enfim, tem um milhão de coisas que a gente pensa pra decidir, uma coisa do tipo, ‘essa segunda música que é a Esse vazio ocupa TANTO ESPAÇO é a mais atual, todas as outras a gente fez ano passado e essa eu fiz esse ano e gravamos, foi a única que a gente não fez no sítio, fizemos em São Paulo, então ela tá mais fresca na cabeça de todo mundo, naturalmente queremos que as pessoas escutassem ela logo, quando começasse o disco, então ela tá em segundo lugar por causa disso. Tem vários tipos de decisão, nesse caso não foi uma coisa muito ultrapensada assim.
Lindie: Queria saber o porquê vocês escolheram Sentir, Lembro Quando Começou e Pra Não Ter Que Enxergar Onde Errei como singles de BLLT?
Mutanen: Pra ser sincero, elas não foram feitas no sítio, elas existiam há muito tempo. A Lembro Quando Começou eu fiz no começo da pandemia. Ela é muito antiga. Assim, é claro que dois anos não é muito tempo, mas é muito antiga para o tempo de música. Quando se faz música normalmente você tem que fazer e lançar logo. A Sentir, a gente fez do nada em 2020 também e lançou logo porque ela bateu na gente muito forte. Então assim, avançamos na Lembro Quando Começou antes da Sentir. Só que, de repente, tivemos a ideia - eu estava fazendo algumas coisas com o Lucas [Silveira] - de chamar ele porque faz muito sentido. Pensamos que casava, essa música já existia exatamente como ela é, só que sem o Lucas.
Quando fizemos o disco, a que a gente ficou mais chocado assim quando aconteceu, foi Pra Não Ter Que Enxergar Onde Errei, por isso que ela foi o primeiro single desse momento [logo antes de lançar BLLT]. O primeiro single do disco foi Sentir. Ela foi criada em um outro momento, que era um período confuso de pandemia. A gente queria sentir o que estava acontecendo, ia sentir o público e tudo mais. Então, não foi uma decisão consciente.
LINDIE: E como foi o convite ao Lucas?
Mutanen: Conheci o Lucas pela internet por causa das Quarentemos que participei. Depois disso a gente conversava e eu estava me sentindo próximo dele, a gente se falava na internet coisa, enfim. Por próximo eu quero não quero dizer melhores amigos. Era o suficiente pra fazer sentido, porque é isso, pra gente tem que fazer sentido, tem que sentir um conforto, tem que ser uma parada natural e foi um momento que já tínhamos mandado [a faixa] pra gravadora da época subir nas plataformas sem ele e, quando tivemos a ideia, não lembro quem teve, cancelamos o lançamento da música. Atrasou o lançamento em muitos meses, quase um ano.Só mandei uma mensagem pra ele e perguntei se estava afim, mandei a música, ele topou na hora e foi muito foda. Muito legal e ficou muito boa também. É perfeito. Cabe bem lá, né? É legal porque eu nunca tinha feito feat antes. E a minha característica de cantar não é tão semelhante ao que normalmente as pessoas cantam no hardcore e desse ambiente que a gente estava inserido. Então, pra mim, fez muito mais sentido cantar com uma pessoa que tem características semelhantes à minha, a gente canta muito diferente, mas ele canta de uma forma melódica e tem muita entonação sentimental na parada e eu também sempre tive muito isso. Não esperava que ia ficar tão legal assim. Quer dizer, eu sabia que ia ficar foda porque eu sempre soube que ele canta muito bem, mas existem dois tipos de feat que é alguém cantando em sua música e existe o que parece que a música foi feita pra ser assim. Nesse caso a música parece que foi feita pra ser assim. Parece que é perfeita assim com essas duas vozes. E então pra mim eu fiquei satisfeito.
LINDIE: E como vocês veem a evolução de Ponto pra esse disco? Tem uma sonoridade um pouco mais amadurecida e é mais íntimo. Então tu traz alguns pontos íntimos, algumas coisas bem melódicas, bem características da sua voz, da sua entrada na banda, mas nesse disco senti que traz ainda mais. Como vocês sentem essa mudança assim no amadurecimento do do som de vocês, das letras e desse ar mais íntimo.
Mutanen: Com certeza estamos no momento mais confiante e feliz da banda, porque é uma sensação boa de se estar criando um negócio novo e que eu sempre quis fazer. O Ponto foi um período de entender o meu papel na banda, eu já conhecia eles como pessoa, mas é o que eu falei, banda é tipo casamento, então Ponto foi criado no meio desse processo. Tinha minha característica, mas tava todo mundo tentando entender, o que a gente tinha certeza a partir do momento que eu entrei era pra fazer alguma coisa nova, não para continuar o que já tava sendo feito, senão não faria sentido entrar. Tenho certeza que a pandemia teve muito a ver com isso, eu comecei a me sentir mais confiante e dono do meu próprio espaço. Também comecei a ver as coisas de fora e não tão dentro do ambiente, porque pra mim o que sempre aconteceu é que eu nunca me senti muito parte do cenário desse rolê do hardcore, nunca me senti muito acolhido pelas pessoas. A banda em si eu sempre amei de paixão, eles sempre acreditaram muito em mim, foram as primeiras pessoas que acreditaram em mim, na verdade, quando eu tinha, sei lá, 15 anos de idade e foram gravar comigo umas paradas de uma primeira banda minha, ninguém me conhecia. Mas, no geral, pelas pessoas de outras bandas ou o público, eu nunca me senti muito acolhido e. fazendo parte tanto por ter entrado numa banda nesse momento que a banda já tava andando há bastante tempo, quanto por simplesmente ser eu. Assim, não sou uma pessoa desse rolê, não sou roqueirão, hardcore, sabe? Então, viver nesse ambiente pra mim foi esquisito. A pandemia me deu espaço pra pensar sobre tudo isso pra agir pela internet, ou seja, agir sem maldade e a estranheza que eu tinha com certos tipos de pessoa. Poder agir do meu jeito, da minha forma, como eu quiser e me aceitar como pessoa. Parece muito profundo essas coisas, mas é porque é verdade. Com essa parte de ser mais eu, consegui ter esse conforto de criar de uma maneira mais minha. Por isso que eu falo que é o melhor momento da banda, eu sei, com certeza, que é o melhor momento para eles em todos os quesitos, de profundidade, de nós seres humanos, de propósito… esse disco não é mais a gente tentando entender que está acontecendo, é sobre nós fazendo uma parada junto só por esse aspecto. Esse disco já sou eu de verdade, profundamente colocando toda a minha verdade, tanto na característica sonora dele que dessa vez eu tive bastante parte nisso, antes a gente gravava cada um meio que gravar essa coisa e mandava pra mim eu fazia a voz. Então, agora em todos os aspectos, eu tive meu espaço e consegui trazer mais essa minha energia nas letras também e também na forma de cantar. Consegui ser mais confiante em ser eu mesmo, em cantar de uma maneira minha, não tentar ser alguém, fazer parte de alguma coisa ou ser aceito por alguém ou por algum cenário ou por algum tipo de música. Sempre foi isso, música por música, por sentimento, pela sensação que passa, e pela realidade da coisa.
Após o lançamento de BLLT na Fabrique Club, em São Paulo, a banda anunciou uma turnê no sul, com paradas em Florianópolis, Blumenau e Curitiba nos dias 9, 10 e 11 de junho, respectivamente. Na semana seguinte, eles chegam a São José dos Campos e partem para o Rio de Janeiro.