Apertar o play e deixar a voz suave de Davi Cartaxo ecoar é parte da rotina de quem ouve constantemente as produções do cantor e compositor, especialmente os primeiros singles de seu novo projeto: seu primeiro álbum, com lançamento total previsto para 2022. Idealizado nos últimos meses, “o disco será muito diverso”, de acordo com o artista. “É um álbum com uma veia pop, e quando eu digo pop é o pop folk, é o pop rock, é o pop da MPB”, completa Davi.
Primeiro single do trabalho, Faz de Conta traz uma letra reflexiva sobre como a sociedade lida com algumas questões, incluindo a pandemia. “Faz de Conta porque no momento era muita pergunta, gente que negava a doença, a vacina, muitas coisas. Então criei o refrão, “ei, não faz de conta que tudo isso é uma ilusão”.
A faixa, além do primeiro lançamento do disco, traz também a voz de Gabriel Aragão, da banda Selvagens à Procura de Lei, co-produtor da canção e do álbum. “Ele é um grande letrista e compositor. Agregou muito. A gente, inclusive, contou com a participação do Andrey Medeiros, que é um compositor potiguar de Natal, outro que eu sou muito, muito fã. E ele também agregou bastante na composição dessa música”.
Em uma pegada diferente, Distração, segundo single lançado, entrega um pop romântico com as linhas marcantes das guitarras. Com tema central focado em relacionamentos atuais e a falta de coragem em demonstrar sentimentos. O clipe que acompanha a faixa foi gravado em plano-sequência na casa do artista.
Da mudança de carreira às projeções do futuro na música, Davi Cartaxo conta sua história
Lindie: Qual sua história com a música?
Davi: A minha história na música aconteceu muito por conta do meu pai. Ele sempre foi uma grande referência pra minha casa, sempre gostou muito de roda de violão e de chamar os amigos, fazer festinhas em casa e me colocava pra cantar e tocar. Ficava morrendo de vergonha, mas eu sempre ia. Foi aí que eu comecei a pegar gosto por me apresentar ao vivo. Porém eu nunca pensei em seguir a carreira musical, profissional, assim, nunca, nunca. Na verdade, ainda na minha adolescência, minha infância, eu nunca pensei na música assim. Foi, na verdade, quando eu estava fazendo o curso de Engenharia Civil, estava no último semestre, quase apresentando minha monografia e estava indo para uma viagem no meu aniversário e, eu estava conversando com um amigo e tudo mais, meio que eu tive um estalo sobre a música. Cara, eu quero muito tentar, porque é uma coisa que eu sempre gostei, mas eu nunca pensei como profissão. Sempre falo neste momento, porque foi muito marcante. Eu não esqueço desse instante.
Lindie: Quais são suas maiores influências musicais?
Davi: No geral, vario muito isso. Lógico que a gente tem aqueles sons que são a base, mas sempre vou mudando de acordo com as novas coisas que vou me identificando. Isso não apenas em relação à música, mas também a forma como esse artista se porta. Falando de referência, digo o que eu levo pra minha vida toda certeza: Lenine. Ele é uma grande referência pra mim, é um compositor e um cantor incrível que eu tenho muita admiração. Diria também Nando Reis, Skank. Mas Lenine é um cara muito forte pra mim. De estrangeiros, Vance Joy, que eu comecei a escrever música ouvindo as dele. As minhas referências, elas variam muito ali entre o universo do folk, do rock e da MPB. Eu acho que o meu som fica meio que uma mistura desses estilos. Esse é o tipo de som que mais me toca, mas assim, eu acho que tem uma música pop que pode tocar também. Música boa existe em qualquer gênero.
Lindie: Como foi a experiência de produzir uma música e um videoclipe no meio da pandemia?
Davi: A produção foi uma coisa muito doida. Gravamos em outubro, naquele momento que as coisas começaram a ser flexibilizadas. Assim, não era pra flexibilizar, mas todo mundo flexibilizando. Aquele momento no estúdio, foi uma coisa muito mágica porque estávamos naquele tempo todo em casa e fomos para um estúdio, pra gravar um projeto que revolucionou minha vida: gravar meu primeiro álbum. Então, foram dias muito, muito incríveis. Todos os músicos, baterista, baixista, todo mundo, foram selecionados por mim, eram uma galera que eu já tocava. Rolava já uma química, todo mundo já entendia musicalmente falando e todo mundo se respeitou muito. Então eu falava para o Adelino, o baterista, ‘toca o que vem do teu coração” e não era ‘toca aí’ e entrega uma partiturazinha. Acho que isso foi tão mágico na música porque todo mundo teve essa essa liberdade de se expressar no seu instrumento. Então, foi uma química muito macio em termos de produção da música, né? O Gabriel foi co-produtor também não só em Faz de Conta, mas todas as músicas que estão no álbum.
Lindie: O single faz parte do seu novo projeto. O público pode esperar a mesma temática e sonoridade nas demais faixas?
Davi: O álbum é muito diverso. É um álbum com uma veia pop, e quando eu digo pop é o pop folk, é o pop rock, é o pop da MPB. Tem as questões sociais, como é o caso de Faz de Conta, tem as questões de amor e relacionamento, não só da parte de paixão, mas também dos problemas dessas relações, só que de uma forma leve. Tem a questão da minha ligação com a praia, um lugar que escrevo muito. Muitas músicas têm essa essa pegada praiana. E, além dessa questão social, da pandemia, tem outros pontos também. Madalena, por exemplo, é uma música com muita brasilidade. Porém, não é uma brasilidade como Faz de Conta, que retrata uma questão social do momento vivido, mas Madalena é mais o retrato do que a minha música é, sabe? No geral, elas vão em diferentes vertentes, assim, tem umas mais folk, outras mais pop, tem umas mais MPB, mas pop MPB dessa nova cena. Essa mistura de aparência aparece dentro das músicas do disco.
Lindie: Quais as faixas que mais provam essa diversidade do disco?
Davi: Faz de Conta é o primeiro. Ela está nessa pegada mais rock, mas é pop, ainda é pop rock. Um Pouco Mais, que vai ser o terceiro lançamento do álbum, - vou lançar em singles porque eu quero uma por uma, porque eu acredito muito em cada um - é uma música já nessa nova cena, do pop MPB. E Madalena, que aí eu acho que é bem Brasil, sabe? Uma mescla entre Seu Jorge e Gilsons, que eu curto pra caramba também. E aí, eu acho que seria meio que nessas três vertentes: uma brasilidade, uma pop rock, uma pop MPB.
Lindie: Há datas para o lançamento dos próximos singles?
Davi: Então, a gente tem todo um cronograma feito, estamos esperando alguns materiais, então pode ser que haja algum atraso. Um Pouco Mais deve sair no final de julho. Outra no final de setembro. Vai ficar meio que numa média que a cada seis, oito semanas. Em novembro e dezembro também terão lançamentos e em janeiro vou lançar Madalena, que é a música mais parecida com a sonoridade do Brasil, acho que combina com o mês.
Ouça Davi Cartaxo: