“Queremos pegar um som que fizeram nos anos 70 e trazer ele novamente, mas com o toque da The Lourdes”. Essa fala de Emanuel Gomes, vocalista da banda, define, perfeitamente, a estética e a sonoridade do grupo, composto também por Daniel Lima (baixo), Camila Gaia (teclado) e Biel (guitarra).
Formada em 2021, a The Lourdes se apresentou ao público em seu EP inaugural Acid (2022), que, em 5 faixas, reflete sobre relações ácidas em meio a uma atmosfera que mistura indie rock com rock alternativo. Já nesse primeiro lançamento, os músicos conseguiram atingir um nível alto de entrega, deixando todo mundo com vontade de mais.
Um ano depois, agora em 2023, a banda trabalha em um novo projeto, o EP Onde Pensamentos Mortos Andam, que será lançado em singles, até que todas as quatro faixas sejam reveladas. Duas delas - Planetas e a Sorte e Laranja Mar - já estão disponíveis nas plataformas digitais.
Diferentemente da estreia, o novo trabalho será predominantemente em português, língua que concentra a maior parte das referências atuais usadas e, também, que traz um novo passo para o relacionamento entre artistas e ouvintes.
“Quero deixar o mais fácil possível para todo mundo entender, quero me comunicar com as pessoas. Então as referências e a vontade de fazer com que todo mundo entenda o que eu estou cantando, foram os fatores determinantes para que a gente começasse essa nova fase em português”, conta Emanuel em entrevista exclusiva ao LINDIE.
A língua, complexa e cheia de particularidades, causou uma onda de estudo e aperfeiçoamento para que o compositor principal, Emanuel, entendesse como encaixar suas ideias nela. Isso porque toda a forma de escrita já consolidada por ele antes era em inglês, com inspirações na banda Arctic Monkeys.
A nova face da The Lourdes
Além do português nas canções, a The Lourdes agora aposta em elementos da MPB e do rock progressivo mesclados com o indie rock já costumeiro do grupo. Entre as referências para essa junção estão Clube da Esquina, Lô Borges, Os Mutantes e Arctic Monkeys, além do rock argentino e brasileiro dos anos 70.
Outro ponto que faz florescer uma nova face da banda é a entrada de Biel na banda. Com outras vivências, técnicas e estilos, a soma entre o quarteto resultou em um misto diferente de sonoridades e ao que, hoje, é mostrado nos novos lançamentos da The Lourdes. “Quando ele topou abraçar o projeto, fiquei pressionado pensando que precisava ser melhor para que ele não quisesse sair da banda. Mas, com o tempo, percebemos que era muito divertido tocar junto, estamos muito entrosados e ele adora compor”.
Para as composições - outrora apenas feitas por Emanuel e, agora, com o apoio de Biel, novo integrante -, a banda pretende se posicionar mais e debater temas diversos. “Em Planetas e a Sorte eu estava em um bloqueio criativo e quis focar em uma das coisas que mais me traz felicidade, que é minha namorada, meu relacionamento, então escrevi uma música sobre isso, viajei em brincar com os sentimentos”, fala o vocalista.
Laranja Mar, lançada na última sexta-feira, 28 de abril, é uma música mais obscura, apesar da sonoridade mais tranquila, “Não é perceptível de cara, eu não quis entregar muito fácil não. A letra fala sobre algo que te incomoda diariamente, em uma rotina que te consome, mas que algo te faz continuar”, explica. A composição é uma parceria com a cantora e compositora Carou.
As próximas duas - ainda sem os nomes divulgados - serão disponibilizadas nos próximos meses. A terceira faixa trará “algo mais agressivo, com posicionamento”, enquanto a última dará um aceno aos fãs que amam a The Lourdes em inglês. “Essa será a última música assim desta fase da banda, para as pessoas que gostam muito das letras na língua [inglesa]”, diz.
E, assim, unindo novos elementos, sempre se reinventando e experimentando adicionar novas referências, a The Lourdes segue trilhando um caminho que, possivelmente, levará ao protagonismo da cena independente em alguns anos.
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