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Teco Martins está com uma calça vermelha e uma camisa vermelha aberta, mostrando a barriga. A barba também está pintada de vermelha e, ao fundo, tudo é vermelho com a grafia Do Oiapoque ao Chuí. Esta é a capa do primeiro single do novo álbum do artista.

Publicado porLuisa Pereira

em 20/09/2021

Reinventar-se é uma ação sempre praticada por πTeco Martins - assim mesmo, com o símbolo de PI na frente -, que já foi do post-hardcore, com a Rancore, à música xamanica com Luz Ametista, passando pela performática Sala Espacial e culminando em sua carreira solo. Evidenciando, mais uma vez, sua intensidade nos projetos que assume, o cantor, compositor, violonista e, agora, permacultor-agroflorestal, inicia a jornada do seu 11º álbum de estúdio, A Spectrum Solar, que contará partes de sua trajetória a cada faixa.

Para além de abrir sua história ao público, o músico também integrou o projeto como um terceiro ato da trilogia de sua carreira solo, chegando após Solar e Logos Solar. “A Spectrum Solar, como um arco-íris, tem várias cores. Sinto que eu também tenho várias nuances de tons diferentes”, afirma πTeco em entrevista exclusiva ao Lindie. Seguindo a ordem das cores do espectro solar, o artista abriu os trabalhos com a canção vermelha, Do Oiapoque ao Chuí, na última sexta-feira, 17. A faixa conta a jornada de πTeco em seus shows de rua, com a turnê feita em 2018.

“Já toquei no Chuí, extremo sul, divisa com o Uruguai e no Oiapoque, no Amapá, divisa com a Guiana-francesa, e entre esses pontos eu fiz 101 shows pelo Brasil. É vermelho porque é uma cor quente, de ação, do movimento, porque para você ter essa disposição de fazer uma turnê do Oiapoque ao Chuí, tem que ter energia vital e muito coração, muito sangue. Também porque o Pau-Brasil, que nomeia o país, é vermelho”, explica ele.

A canção conta com a participação do quarteto Tons Afro, cuja amizade foi conquistada durante a turnê. “São quatro divas maravilhosas, que me deram a benção de participar nessa música. Conheci na tour do Oiapoque ao Chuí, quando fiz um show em Ourinhos e eu me apaixonei na hora por elas, rolou uma energia muito forte e viramos amigos instantaneamente”, relata πTeco. O clipe da faixa chegará em 21 de setembro.

Conexão com o interior

πTeco Martins, com essa grafia, é o resultado de uma profunda viagem ao seu interior e reverência ao passado. Com a busca pelo autoconhecimento desde 2006, quando começou a fazer rituais com ayahuasca. Em uma delas, há três anos, o músico relembrou o momento em que seu avô lhe concedeu o apelido que marcaria toda sua trajetória: Piteco.

“Meus pais foram ao médico e eu ia nascer no final de setembro. Meu avô, que era matemático, fez umas contas e disse que eu nasceria em 12 de outubro. Todos falaram que era impossível porque aí passaria de 10 meses. Meu nome, inclusive, era para ser Pedro, só que eu nasci dia 12 de outubro, com 10 meses e meus pais resolveram trocar meu nome para Carlos em homenagem a ele. Eu sempre tive uma conexão muito forte com ele e ele sempre foi de dar apelido para todo mundo e assim que ele me viu no hospital me chamou de Piteco. Até hoje temos duas teorias na família sobre o apelido: uma que eu era pequenininho; a outra que eu nasci cabeludo e gritava bastante, então era piteco da Turma da Mônica. Ninguém sabe ao certo o que se passou na cabeça do meu avô”, relembra.

Após ser apelidado pelo avô, parte da família passou a chamá-lo de Teco, como carrega em suas assinaturas musicais, e a outra parcela, de Pité, que acabou sendo mais restrito à família. Assim, para unir o apelido inteiro entregue pelo avô ao nome já conhecido pelo público, o artista escolheu o símbolo de PI, que também representa um elemento matemático, alinhado à profissão do avô.

O planejamento do disco

A Spectrum Solar terá duas frentes principais que, segundo o artista, serão a da agrofloresta e permacultura, que ele gostaria que os jovens conhecessem, e a história dele na música. “Cheguei nessa conclusão depois de conversar com dois amigos músicos que acharam a minha história digna de um filme”, diz πTeco.

Esse momento de reflexão, no entanto, surgiu quando ele descobriu que estava “grávido” e sua esposa esperava o primeiro filho do casal. Ao mesmo tempo, o artista teve, enfim, tempo para se dedicar à permacultura e à agrofloresta. “Faz 5 anos que eu comecei a me envolver em permacultura e agrofloresta, mas não tinha tido tempo para ter uma imersão tão grande no assunto, apesar de ter ido em fazendas que praticavam isso. Entrei de cabeça nessa história de plantar comida e reflorestar os biomas degradados”, afirma ele.

Assim, a temática das cores e temas foram escolhidas, sempre com o cuidado na organização das músicas e colorações. “Minha sogra mexe com cromoterapia, ela estuda muito a utilização das cores e eu tive uma conversa muito séria com ela, mostrei as faixas e foi praticamente tudo como eu imaginava, precisei alterar uma coisa aqui outra ali, já que cada cor passa uma mensagem, ativa diferentes áreas do cérebro e tal”, explica.

Como tudo que é feito pelo artista, a sonoridade do disco também será inesperada.  “Eu acho que já cheguei no ponto, que eu fico muito feliz, que as pessoas não sabem mais o que esperar de mim, já decepcionei tanto meus fãs e já surpreendi tanto, que hoje em dia eu me sinto livre para fazer o que eu quiser. Meu último single foi um psy trance, eu tenho música xamânica, hardcore, balada. Nesse disco vai ter uma bregadeira. Mas, assim, o que eu acredito que todo artista busca é fazer uma arte única, que só ele tenha feito”, conta.

A primeira faixa lançada traz um misto de psydub, stoner-indie-rock, surf music e trap-repente com referências MPB. Para o disco, o músico promete ainda mais variações de estilo, com uma união entre gerações mais novas e mais velhas que ele. “Convidei dois músicos mais jovens que eu, tenho 34 anos, eles têm entre 23 e 24 anos e são djs que já tocaram pelo mundo inteiro, Índia, Israel, Europa. Também tem um produtor mais experiente, dez anos mais velho que eu, mas da música erudita e do jazz. Quis fazer esse som que unisse essa molecada mais jovem a esse produtor erudito e eu sendo a ponte entre essas duas gerações”, conta πTeco.

Outro ponto que se encaixa junto aos conceitos do álbum é a tentativa de tentar parecer com um personagem de desenho animado e quadrinhos, algo que o artista gosta e que, Caio Camargo, integrante da Replace e que está à frente dos clipes, também. “É uma coisa lúdica, que mexa com infância, imaginação”, explica.

Próximas faixas

Preparado para um lançamento entre 2021 e 2022, da mesma forma que a Champions League, como ele brinca, πTeco soltará um single por mês até completar as sete cores do arco-íris, passando pela sequência vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, roxo e anil, quando lançará o restante do disco, com a mistura desses tons, tornando-os um elemento só.

Ao Lindie, πTeco - já com a barba laranja enquanto preparava o clipe do segundo single - adiantou os temas de mais três faixas. A próxima, Pedras no Mar, relata o encontro do músico com a esposa, sendo uma canção mais sensual e amparada pelo tom laranja. Nessa, a sonoridade vai de encontro da Bossa Nova, hip-hop e do baixo de Jazz.

Em seguida, o músico falará sobre seu filho, gerado e nascido já na pandemia, com a cor amarela e o nome Ouro da Vida. Para o verde, ele separou o momento de explicar sobre agrofloresta e permacultura.

Ainda sem ordem declarada, terão também os capítulos da Sala Espacial, do Rancore e da Luz Ametista.

Expectativas

“Houve uma mudança tão grande na minha cabeça, como pai, como artista, meu filho nasceu, sabe? Eu sinto uma energia muito forte vindo desse disco, parece que é o primeiro, de verdade. Nunca senti tanto frio na barriga antes de lançar”, fala πTeco.

Ouça πTeco Martins:

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