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Miley Cyrus no clipe de Midnight Sky. Com um fundo preto e a iluminação apenas na cantora, ela está parada ao lado do pedestal do microfone, encarando algo além da câmera

Publicado porLuisa Pereira

em 29/11/2020

Desde sua ascensão, Miley Cyrus já apresentou várias facetas em suas composições e lançamentos. Do pop ao country, a artista vive e transmite as sonoridades que a convém no momento, como nas eras Bangerz, de 2013, e Younger Now, de 2017. Com forte identidade visual e conceito musical, a personalidade marcante da cantora sustenta todas as duas mudanças e mesclagens de estilo.

Em “Plastic Hearts”, além de trazer as influências do rock dos anos 80 e 90, Miley se mostra de um lugar que parece pertence-la em sua essência. Os baixos, guitarras e teclados marcantes, juntam-se à voz rouca e potente da cantora.

Sétimo álbum de estúdio, ele começou a ser idealizado em 2018 e, inicialmente, deveria ter sido lançado no ano passado. Alguns contratempos - como a perda de arquivos já gravados no incêndio ocorrido na casa da cantora no último ano -, atrasaram o disco. Esse tempo, ao que parece, foi muito bem utilizado por Cyrus, alterou o nome do projeto - provisoriamente pensado como She Is Miley Cyrus - e outros detalhes, como músicas e conceito musical.

Para parte geral do público pop, pode soar estranho ouvir Miley Cyrus ao som do rock. Contudo, a artista bebe dessas influências há anos, mesmo que em referências sutis. Nos últimos meses, ela também presenteou os fãs com sua interpretação em 'Nothing Else Matters' do Metallica, durante sua apresentação em Glastonbury. Em outros momentos, ela fez covers de Pink Floyd, Fleetwood Mac, Led Zeppelin, entre outros. Sua última participação no show The Tonight Show com Jimmy Fallon rendeu, inclusive, uma performance de 'Maneater’, do duo Hall and Oates.

Com ajuda do produtor inglês Mark Ronson, Cyrus chegou a citar Britney Spears, Metallica e Trent Reznor como as principais influências musicais do projeto.

Miley aposta em conceito diferente e surpreende no rock

Normalmente, a primeira faixa de um álbum precisa ser vendável e forte. É isso o que “WTF Do I Know” chega para apresentar. Potente, em seu início a mensagem fica clara com o baixo marcante. Em seguida, Miley surge com a voz áspera e inconfundível para cantar o primeiro refrão: "Não estou tentando ter outra conversa / Provavelmente não vou querer tocar na sua estação / Derramando uma garrafa cheia da minha frustração”. Apesar de curta, a faixa cumpre seu papel e é capaz de prender a atenção dos ouvintes.

Na sequência, música título “Plastic Hearts” versatilidade musical de Cyrus fica evidente. Com toques de bongô, um solo inesquecível de guitarra e a voz marcada, a faixa continua o ritmo frenético que o álbum proporciona. É com “Angels Like You” que esse clima é quebrado. A terceira faixa do álbum traz uma sonoridade distinta das duas anteriores e muito próxima às raízes de Miley no country.

Prisoner”, é a primeira parceria a aparecer no disco. Com os vocais de Dua Lipa, a composição promove ares de liberdade. Assim, os fãs podem, inclusive, conectar a faixa ao álbum Bangerz. O dueto casa os projetos das duas artistas, com eras atuais focadas nos anos 80.

Em seguida, “Gimme What I Want” retoma com o baixo marcado durante toda a faixa. Com uma temática semelhante à faixa anterior, Miley canta sobre precisar de amor, mas sem necessidade de ter contato no futuro ou, quiçá saber do passado. A música é produzida com elementos do Synth-pop.

Na sequência, “Night Crawling” é uma das parcerias do álbum. Em entrevistas, Miley já falou abertamente sobre a influência de Billy Idol em sua carreira. Agora, os dois assumem os vocais e a composição da faixa, que traz elementos eletrônicos e a voz pesada e marcante de ambos. A música mostra o potencial de estar entre as melhores do disco.

Midnight Sky”, primeiro single lançado, é a faixa que parece dar todo o tom do álbum, além de marcar a volta da cantora após meses sem nenhum lançamento.

High” é a aposta em uma faixa completamente diferente de todas as outras. Com elementos próximos ao folk, ela é, ao lado de Angels Like You, o ponto fora do conceito geral do disco.

A partir de “Hate Me” o álbum assume outra cadência até o final das músicas inéditas. Neste ponto, o tom confessional e sentimental ganha um espaço ainda maior no palco. Ainda que traga novamente o rock na sonoridade, “Bad Karma”, em parceria com Joan Jett, segue com o estilo lúdico e sóbrio na melodia.

A volta ao tom sentimental acontece na faixa seguinte, “Never Be Me”, com uma mensagem clara de Miley Cyrus: se qualquer pessoa precise que ela mude para que um relacionamento funcione, então não será ela. Na faixa, ela se mostra cansada de aceitar mudanças em seu jeito para que uma relação continue.

As inéditas acabam em “Golden G String”. A faixa, um monólogo de Miley sobre sua jornada na musica, já havia sido apresentada em uma Backyard Session.

Em seguida, chegam as versões da artista para clássicos da música. A primeira dessa sequência é “Edge of Midnight”, remix de “Midnight Sky” com a junção da a faixa-sample “Edge of Seventeen”. A versão traz a participação de Stevie Nicks, intérprete original. Para encerrar, há dois covers feitos por Miley em programas ao vivo, “Heart of Glass”, de Blondie, cantado no iHeart Festival de 2020, e “Zombie”, de The Cranberries, interpretada no evento beneficente Save Our Stages Festival, em uma participação virtual.

Miley soube mesclar sua habilidade no rock com suas influências mais conhecidas e apreciadas, como o country e o pop, para produzir Plastic Hearts. A cada lançamento, a artista mostra-se multifacetada e capaz de transitar entre os mais diferentes estilos. No geral, valeu a pena esperar alguns anos para ouvir um trabalho primoroso de Miley Cyrus.

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