Texto por Fátima Robustelli
A cantora vencedora de onze Grammys deu o pontapé inicial do projeto de regravações dos primeiros trabalhos. O objetivo é recuperar o domínio e os direitos de uso das canções de seus seis primeiros discos. O álbum “Fearless (Taylor’s Version)” - em tradução livre, “Fearless (versão de Taylor)” - marca uma nova versão de seu segundo álbum de estúdio, e conta com as 19 faixas originais do disco de 2008, regravadas e com nova produção. Outra novidade é a capa do álbum, uma releitura da imagem inicial, mas com a estética atual dos trabalhos de Swift.
Fearless é um dos discos mais elogiados pela crítica na carreira de Taylor. Com o gênero country como essência, ele traz sucessos como Love Story, Fifteen e You Belong With Me, e vendeu mais de 12 milhões de cópias, apresentando a artista para uma audiência mais ampla. O disco também deu à loirinha o seu primeiro Grammy de Álbum do Ano (na época da premiação, com 20 anos, tornou-se a artista mais jovem a vencer a categoria).
O álbum leva os fãs a reviverem toda a magia de experiências adolescentes, como as paixões platônicas e a idealização do amor romântico. O talento de Swift como compositora ganha um brilho especial neste disco por meio de músicas com narrativas envolventes, quase como crônicas do cotidiano, divertidas e gostosas de ouvir.
As regravações, em sua maioria quase idênticas em instrumentação, celebram a essência desse período da vida da artista, hoje com 31 anos. Como presente, Taylor incluiu seis faixas inéditas, escritas na época da primeira versão do disco, como “Mr. Perfectly Fine” e “Don’t You”. Essa parte inédita é carinhosamente apelidada de “From The Vault”, pela cantora.
“Love Story” foi a primeira canção relançada. Taylor recomeçou a Era com a frase “we were both young when I first saw you”, primeiro verso da canção. Ou seja, “Nós éramos jovens / Quando eu te vi pela primeira vez”, uma mensagem direta aos fãs. A cantora confirmou essa intenção, com um lyric video com fotos suas e do público na primeira Era Fearless.
Com nostalgia, os fãs apreciam novos significados em algumas músicas, como na faixa “White Horse”, em que antes Taylor cantava “That i’m not a princess, this ain't a fairytale", agora se coloca em outro lugar como sujeito “Cause i´m not your princess, this ain't your fairytale”.
Em entrevista ao podcast “Superstar Power Hour”, a artista revelou quais músicas mais gostou de gravar: “Eu acho que uma das minhas músicas favoritas de regravar no ‘Fearless’, eu acho… ‘The Way I Loved You’ e ‘Hey Stephen’. Essas sempre foram umas das minhas músicas preferidas de cantar ao vivo e tudo mais”.
Além disso, também explicou sobre as diferenças em sua voz em cada uma das versões, já que hoje em dia tem uma voz amadurecida que consegue chegar em notas mais altas com mais facilidade do que antes. “Eu acho que ter uma voz um pouco mais madura realmente ajudou músicas como ‘The Way I Loved You’ e ‘Tell Me Why’ e músicas que talvez eu sofresse para estar perfeita ao vivo quando eu tinha 18 anos… Elas são muito mais fáceis de cantar agora”.
Os números de Taylor
A primeira regravação já é um sucesso e quebrou recordes de streamings com 171,927 milhões de reproduções no Spotify, tornando-se o primeiro álbum country da história a alcançar o topo de alguns charts.
O álbum tornou-se também o primeiro lugar na lista dos mais vendidos no Reino Unido em sua primeira semana de estreia, o que significa seu terceiro álbum #1 na parada da Official Charts dentro do período de um ano. Antes foram o “Folklore” e o “Evermore”, batendo o recorde que era da lendária banda The Beatles.
A longa batalha pelas próprias canções
São quase 15 anos de sucesso, 51 prêmios, 50 milhões de álbuns vendidos, uma legião de fãs dedicados e uma batalha pelo direito do próprio trabalho. Taylor, que foi eleita uma das maiores compositoras da atualidade pela Apple Music Awards, viu o seu trabalho se perder completamente após não ter tido o direito de comprar o seu próprio catálogo, dando início a uma disputa e batalha pública sobre quem seria o verdadeiro dono das suas músicas.
A decisão da artista de regravar seus seis primeiros álbuns se deu após o empresário Scott Braun, com quem Taylor teve graves desentendimentos, comprar a empresa Big Machine Label Group, detentora dos direitos das primeiras gravações de Taylor.
A Big Machine foi sua primeira gravadora, a qual a loirinha assinou contrato em 2006, tendo lançado todos os seus álbuns até hoje. Swift anunciou um novo contrato com a Universal Music Group em novembro de 2020, mas seus antigos trabalhos continuam sob sua antiga gravadora, e são possivelmente o aspecto mais valioso da empresa.
O catálogo é estimado em 300 milhões de dólares. Com isso, a cantora perderia parte do controle de sua obra, que, em alguns aspectos, poderia ser negociada sem a sua permissão. Swift continuaria recebendo pelo uso das canções, por ser compositora e intérprete, mas não teria poder nem voz nas decisões envolvendo todo o material. Ao regravar essas canções, que ela tem apresentado como Taylor's Version (versão de Taylor), a artista ressignifica, contorna e dá um novo nuance para suas histórias para a problemática situação.
Ouça Fearless (Taylor's Version):