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oão Viegas (teclado, violão e voz), Santiago Obejero Paz (guitarra, violão e voz) e Thiago Barros (bateria e voz).

Ombu lança seu primeiro álbum, Certas Idades, com produção de Kassin e arte de capa do argentino Elias Santis

Publicado porFernando Vinícius

em 14/09/2022

A banda Ombu é fruto de amizades de escola. Os atuais integrantes do grupo paulista — João Viegas (teclado, violão e voz), Santiago Obejero Paz (guitarra, violão e voz) e Thiago Barros (bateria e voz) — se aproximaram, no colégio, em razão do gosto mútuo que nutriam pela destacada banda brasileira de hardcore Rancore. Os fortes pontos convergentes em suas referências artísticas, unidos à vontade de fazer música, levou-os a dar início à Ombu.

Agora, a banda lança, via Balaclava Records, seu mais novo trabalho: o álbum Certas Idades, com arte de capa feita pelo artista argentino Elias Santis, produção de Alexandre Kassin e mixagem e masterização de Fernando Sanches. Este lançamento, constituído por 12 faixas, marca o fim de um hiato de seis anos pelo qual a Ombu passou. Até esse álbum, o último lançamento do grupo havia sido o EP Pedro, em 2016. Antes deste, vieram o EP Mulher, em 2015, e os singles Caminho das Pedras e Tremolo, que iniciaram oficialmente o percurso criativo da banda em 2013.

No que se refere aos primeiros trabalhos: enquanto Caminho das Pedras mostrou um lado pesado, rápido e bruto da banda — em que a influência estética do Rancore era muito perceptível —, Tremolo foi por caminhos vagarosos e introspectivos; ambos abordavam, em suas letras, questões filosóficas existenciais. Depois, o EP Mulher figurou uma espécie de mescla entre esses dois pólos: as guitarras e baixos mantiveram distorções pesadas, mas para criar ambientes letárgicos, arrastados.

Então, um ano depois, veio o single Calma, faixa que serviu como preâmbulo para o EP Pedro e que é, até hoje, uma das canções mais ouvidas da Ombu nas plataformas digitais. Com esses lançamentos, a banda deu sinais claros (que agora se aprofundam com Certas Idades) de seu amadurecimento estético e da definição mais apurada de uma identidade própria. As guitarras, menos sujas, aproximaram-se declaradamente do shoegaze e do pós-punk, e, no que diz respeito às letras, estas deram continuidade às preferências do grupo, construindo um passeio poético, ora lúdico, ora sério, de reflexões filosóficas íntimas, em muitos trechos motivadas por relacionamentos e seus atritos.

Após esse lançamento, iniciou-se o período de hiato da banda. Mas, durante a pausa, os integrantes da Ombu permaneceram atuantes na cena: todos fazem também parte da banda Raça, que já possuía, à época, maior notoriedade nos meios do underground paulista. E, assim, por anos, a Ombu permaneceu adormecida, mas nunca esquecida.

Certas Idades: novos caminhos de amizades antigas

O anúncio de que estava por vir o primeiro disco cheio da Ombu foi feito no dia 28 de março deste ano, por meio do instagram oficial da banda. No post, revelou-se que haveria mudanças na formação do grupo e que, além disso, esse álbum seria o maior investimento de energia de sua trajetória até hoje. Nesse comunicado, a Ombu também deixou clara sua vontade de retornar aos palcos e informou que faria parte do lineup do festival organizado pela Balaclava Records, o Balaclava Fest.

Depois, em 23 de junho, foi lançado o primeiro single que antecipou Certas Idades, chamado Pare. Os timbres e peculiaridades do arranjo de Pare, com seus riffs de teclado e bateria suave, trazem ares lúdicos e infantis, que mostram não ser gratuitos já no início da letra cantada por Viegas: “canção de ninar, ir cedo na escola, razão de viver”. O tema da canção, justificando o título do álbum, é a reflexão comparativa entre uma infância idealizada e uma vida adulta insatisfatória. O eu-lírico parece, no percurso da letra, buscar o resgate de ideias de pureza e harmonia que estavam presentes na infância e que se perderam com o passar do tempo. Assim, fica clara a proposta conceitual do álbum: refletir acerca da passagem do tempo, comparando e dissecando certas idades.

O single seguinte foi Reclama, lançado com clipe-curta-metragem documental que registra, de modo íntimo, o período vivido pela banda na Serra da Mantiqueira. O material conta, também, com trechos de outras músicas do álbum. Em Reclama, algo que já é perceptível em Pare fica ainda mais evidente: as influências atuais da Ombu, sendo elas: o disco Clube da Esquina (1972), de Milton Nascimento e Lô Borges, e o grupo musical The Wrecking Crew, de Los Angeles. Os climas de piano e teclado, junto a guitarras doces e percussão firme, entretecem as aflições amorosas de um eu que reflete sobre rotina, relacionamento e as complexas sutilezas do amor. 

Enfim, como última antecipação de Certas Idades, veio a canção Quando, no dia 4 de agosto. Com um violão protagonista, baixo sóbrio e guitarras típicas do rock alternativo, a faixa dá continuidade aos temas caros à banda, que de modo sensível e intimista despeja suas angústias, inseguranças e pensamentos melancólicos acerca da percepção da passagem do tempo.

Certas Idades apresenta um admirável trato conceitual, tanto em seus arranjos quanto em seus assuntos. O trabalho figura uma densa e compassada meditação acerca da transição da adolescência à vida adulta, discutindo questões universais da experiência humana. Com uma refinada mescla de gêneros — tais como MPB, bossa nova, rock alternativo, entre outros —, a Ombu retorna à cena musical brasileira e mostra todo o seu desenvolvimento estético-musical adquirido ao longo dos anos.

Ouça Certas Idades:

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