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Tasha & Tracie no palco do Encontro das Tribos Circus

Publicado porFernando Vinícius

em 11/05/2023

A edição do Encontro das Tribos Circus trouxe as irmãs gêmeas Tasha & Tracie para compor seu line-up. A dupla, que desde 2019 mostra seu valor e ganha mais espaços no cenário músico-cultural brasileiro, foi atração do dia 6 de maio (sábado), vindo logo após o trapper Shaodree e a cantora Lourena, que fizeram as honras de abrir os shows de cada um dos palcos do festival.

As irmãs Okereke começaram sua apresentação quase pontualmente. O horário definido para o show foi 12h40 e, poucos minutos depois, foi feita a contagem regressiva para chamá-las ao palco 01. Ao ouvir os nomes de Tasha & Tracie, o público mais próximo à grade gritou e a animação se espalhou para outros pontos mais atrás na plateia.

Com presença de palco, as gêmeas fizeram o público apreciar cada segundoCom presença de palco, as gêmeas fizeram o público apreciar cada segundo / Foto: Mariana Luiza/Lindie

Talvez por algum imprevisto, talvez por uma estratégia ensaiada para prolongar a expectativa de todos, as gêmeas não surgiram assim que foram chamadas, vindo apenas depois de alguns segundos, quando foram recebidas por mais gritos e aplausos de uma plateia ainda não muito cheia, que, debaixo de um sol escaldante, oscilava entre entusiasmo e timidez.

Tasha & Tracie fizeram a abertura do show com o pesado single Agouro, e, como diz a letra da música, vieram quebrando. Com sua característica postura que emana autoconfiança e presença, a carismática dupla preencheu o palco, trazendo consigo uma intérprete de LIBRAS — Língua Brasileira de Sinais — que também dançou, se divertiu e garantiu a disseminação inclusiva das valiosas letras das gêmeas.

A faixa seguinte foi Cachorraz Kmikazes, que veio aprofundando a dimensão sociopolítica do discurso de Tasha & Tracie: “É lindo em Woodstock, não pode no baile funk/ O Cazuza negro é noia e traficante”. Depois, veio o famoso single TANG. Assim, com graves potentes e flow magnético, as irmãs conquistavam sua plateia aos poucos, fazendo com que mais e mais pessoas rebolassem e cantassem com elas.

O refrão de TANG — “Tô lançando mais uma pas braba’/ Manda as paty escuta outra, que essa elas não encaixa” — ecoava em direção às contradições e paradoxos de um público diverso. As “braba” e as “paty” dividiam o mesmo espaço, escutavam a mesma música, que, não encaixando para algumas, envolvia a todas (e todos), atravessando bolhas, classes, raças e gêneros. E, em meio a tudo isso: gloss. Tasha & Tracie passaram gloss durante a música e também jogaram algumas embalagens para o público, afirmando mais uma vez: são, além do rap, beleza, moda e estilo.

As gêmeas uniram rap, beleza, moda e estilo no palcoAs gêmeas uniram rap, beleza, moda e estilo no palco / Foto: Mariana Luiza/Lindie

Em seguida, as irmãs cantaram várias faixas de seu álbum Diretoria, lançado em 2021, começando pela música Rouff, que foi sucedida por Cheat Code e Amarrou. Houve, então, uma pausa no disco Diretoria, com a faixa Willy, single de 2022, para depois retornar a ele, com Lui Lui e SUV. Entre batidas carregadas e climas aveludados que mesclam R&B, trap e funk, o rap de Tasha & Tracie se desenvolvia, despejando brutas verdades e críticas irônicas, visando ao empoderamento da moda, dos símbolos e da cultura afro e periférica, além de se fazer instrumento de luta pela liberdade sexual e afetiva da mulher.

E esses elementos da moda e do comportamento exaltados pela dupla se refletiam em seu público. Os acessórios, penteados, roupas e danças se convertiam em atos de celebração e resistência de uma cultura rica, bela e — por injustiça histórica que perdura até hoje — marginalizada. O público se divertia e era cada vez mais envolvido, mas mantinha considerável autocontrole, talvez se preservando para as muitas horas de festival à frente.

Com o show no início do sábado, Tasha & Tracie mostraram que poderiam estar entre os maiores nomes do festival Com o show no início do sábado, Tasha & Tracie mostraram que poderiam estar entre os maiores nomes do festival / Foto: Mariana Luiza/Lindie

Dando sequência ao show, vieram as músicas em que Tashe & Tracie fizeram colaborações: Cerol Finin, com o grupo de rap e trap UCLÃ, e Combate, com a MC Luanna. O setlist das gêmeas também contou com outra colaboração recente: a faixa Sou Má, da cantora LUDMILLA.

E, para o encerramento de um show poderoso e impecável, a dupla escolheu Diretoria, faixa-título de seu álbum. O magnetismo e a presença de palco de Tasha & Tracie foram, então, muito bem ilustrados por um dos versos dessa última música: “Sempre ajo como a dona do lugar”. De fato, as gêmeas agiram como donas do Encontro das Tribos Circus, e o tomaram para si. O público — como é natural em apresentações iniciais de um festival — ainda parecia estar se aquecendo (embora o sol da tarde já fosse impiedoso) e, por isso, não se entregou intensamente ao show de Tasha & Tracie. Ainda assim, os presentes foram brindados com uma performance forte e marcante, digna de headliner.

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