100 mil pessoas foram ao Allianz Parque nos dias 15 e 16 de dezembro para assistir os últimos shows da Tour Cedo ou Tarde, da banda Nx Zero. Toda a ansiedade das pessoas que esgotaram os ingressos do sábado ainda em maio era alimentada a cada apresentação feita pelo quinteto formado por Di Ferrero (vocal), Gee Rocha (guitarra e vocal de apoio), Dani Weksler (bateria), Caco Grandino (baixo) e Fi Ricardo (guitarra). Na sexta, o soud out chegou um pouco depois, mas o público presente compartilhou o espetáculo com o grupo que estava no palco.
E, por falar em espetáculo, o Nx Zero montou seu próprio festival, com Day Limns, Glória, Supercombo e You Me at Six como shows de abertura. Todo o evento começou por volta das 15h30 — incluindo o de sexta — e chegou ao ápice às 20h30, quando o quinteto mais esperado pelas 45 mil pessoas presentes em cada dia finalmente apareceu.
Com uma gritaria insana, os vídeos de introdução da banda eram celebrados. Nas cadeiras, as pessoas se divertiam com as ondas de luzes antes da chegada dos músicos. Um a um, ao som de Vertigem, eles entraram e se colocaram em seus postos e, por fim, Di Ferrero chegou ao palco saudando o público. Só Rezo foi a escolha para começar a ferver o caldeirão que o Allianz viraria nos próximos instantes.
Daqui Pra Frente e Bem Ou Mal, ambas presentes no disco Agora (2008), seguiram a apresentação sem deixar a plateia respirar. Por todo canto, as pessoas estavam em êxtase, vermelhas ou com lágrimas nos olhos, especialmente quem chegou cedo e estava na grade. Uma dessas pessoas era Nilza Prado, uma senhora que chegou às 14h e presenciou todo o evento em um dia que bateu 33ºC em São Paulo.
Pela Última Vez e Apenas Um Olhar, do álbum homônimo do grupo, lançado em 2006, mantiveram o clima no alto. De todos os lados, era possível ouvir as pessoas cantando e, em alguns cantos da pista com mais espaço livre, dançando entre amigos. Os quatro integrantes de frente da banda se movimentavam quase como se tudo tivesse sido milimetricamente calculado e treinado, preenchendo cada pedaço do palco e suas respectivas perspectivas de público.
Em seguida, foi a vez de Insubstituível — Sete Chaves, 2009 —, a última faixa antes de uma pausa. Di Ferrero agradeceu, pela primeira vez entre tantas que viriam na noite de sexta-feira, ao público por essa noite, que seria memorável e inesquecível. Onde estiver foi cantada com força pela plateia que, por alguns segundos, assumiu a letra da música em uníssono.
Levando o show para um outro ritmo, Espero a Minha Vez trouxe um ar mais melancólico, parado e sentimental de quem assistia ao show. A faixa seguinte, Mais Além, seguiu a mesma linha. O clima retornou para a euforia aos poucos, com Inimigo Invisível e, na sequência, Cedo ou Tarde. A música que leva o nome da turnê foi, sem dúvidas, uma das mais esperadas da noite e foi cantada, em grande parte, pelo público presente.
Em diversos lados, pessoas se divertiam com os parceiros e amigos, curtindo um show feito para eles e para o adolescente interno de cada um. Durante o show, Di Ferrero perguntou quem estava indo a uma apresentação da banda pela primeira vez e muitos braços foram erguidos. Seja quem não teve oportunidade de vê-los antes do hiato por conta da idade, tempo, dinheiro ou, simplesmente, começou a gostar do grupo quando não estavam mais em atividade, estar presente em um momento tão importante para o Nx Zero foi emocionante e sem explicação racional.
Você vai Lembrar de Mim, single lançado este ano, veio para descontrair o clima e levá-lo para o mais puro êxtase novamente. Primeira música disponibilizada pelo grupo em seis anos, ela precedeu Meu Bem e culminou no solo de baixo de Caco, que foi muito celebrado pelo público.
Fechando a primeira parte do show, Círculos, Maré e Mais e Mais trouxeram a constância do show, a essa altura parecia que os fãs já haviam entendido a dinâmica do que foi preparado. No entanto, algo ainda estava por vir.
A surpresa do acústico
Ao término de Mais e Mais, os cinco simplesmente saíram do palco principal e se dirigiram para uma outra estrutura montada na parte traseira da pista comum, bem perto do início do setor das cadeiras inferiores que ficam de frente para o gol, na parte oposta de onde eles estavam anteriormente.
Ali, os cinco tocaram Incompleta, Fração de Segundo, Marcas de Expressão, Silêncio e Cartas pra Você de forma acústica. A plateia, que já cantava alto antes, deu tudo de si nestas faixas e o momento foi, com certeza, inesquecível para todos que estavam no Allianz Parque na noite de sexta-feira. Com a luz baixa azul e as lanternas todas apontadas para os músicos, foi a hora de deixar as lágrimas rolarem, abraçar o amigo ou amor que estava ao lado e sentir cada verso cantado.
A potência de se mostrar enorme
Ainda havia show depois. E muito. Hoje o Céu Abriu, Vamos Seguir e Pedra Murano captaram novamente a energia eufórica que a plateia tinha para dar. Ligação e Não é Normal foram além do ápice energético, com cantos aos gritos, pequenas rodas de amigos, pulos abraçados e muita alegria liberada de forma conjunta. Aqui, o Allianz era palco de uma festa em prol do rock nacional e, mais ainda, a celebração pela existência do Nx Zero, banda tão importante para cada um dos presentes.
Ao final dessa sequência, os músicos saíram do palco e, ao som dos gritos de “Eu não vou embora”, retornaram para o fechamento do espetáculo, com A Melhor Parte de Mim, Além de Mim e Razões e Emoções que mantiveram o público em uma dualidade de sentimentos: extasiados com a percepção real de que viram o Nx Zero; e com a animação de cantar cada palavra das últimas músicas.
No fim, o que fica é a realidade: Nx Zero se mostrou gigante nas duas noites no Allianz, reunindo 100 mil pessoas ao todo. A entrega, energia e apelo dos músicos foi retribuída a cada segundo pelo público, em um espetáculo coletivo e compartilhado. A banda mostrou que o rock nacional tem seu espaço e pode, sem dúvidas, fazer barulho e transformar sonhos em momentos inesquecíveis.