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Balara na gravação do clipe de Recomeço.

Publicado porRedação

em 22/10/2021

Texto por Gabriela de Oliveira e Luisa Pereira

Com inúmeras influências e um som único, a Balara engata uma série de lançamentos antes de, finalmente, disponibilizar na íntegra seu segundo álbum de estúdio. Formada por Luccas Trevisani (vocal, piano, violão e guitarra), Danilo Almeida (bateria) e Daniel Debski (guitarra e backing vocal), a banda surgiu em 2018 e já soma 250 mil ouvintes mensais no Spotify, com mais de 10 milhões de plays.

Após o sucesso com o primeiro disco, Depois de um longo caminho, os músicos começaram a nova fase com Deixa Ela Voar - com uma versão original e um remix ao lado do DJ Guz Zanotto -, seguido de Não Deu pra Disfarçar, em parceria com Raphael Ota, e, agora, de Recomeço. Esta última, lançada nesta sexta-feira, traz influências que vão do pop rock nacional dos anos 80 até os anos 2000, no que os artistas chamam de “pop inspirador”.

Com um processo unicamente virtual, todas as faixas disponibilizadas até o momento e as restantes do álbum foram gravadas à distância pelos músicos.

Confira a entrevista de Luccas Trevisani com o Lindie:

LINDIE: Como vocês começaram a Balara?

Luccas: Bom, nós somos de Santos e a gente costuma brincar que a cidade é um ovo porque todo mundo acaba, de certa maneira, se conhecendo. Apesar de ser a maior cidade aqui da região, é uma cidade em que, os músicos em especial, todo mundo se conhece ou tem algum amigo que conhece um amigo… e quando a banda surgiu foi por indicações. Na época eu queria montar uma banda. Sempre gostei de ter banda, mas por um bom tempo, eu tive carreira solo. Tive banda quando era adolescente, depois essas bandas que eu tinha acabaram e aí eu lancei três álbuns solo, e aí eu conheci o produtor que produziu o nosso primeiro álbum, que é o Lampadinha. Eu o conheci em 2015 ou 2016, e comentei com ele que eu queria montar uma banda, ele conheceu o meu som e me incentivou “Legal, teu som tem mais a ver com banda do que com carreira solo, quando você tiver a banda me avisa e vamos trabalhar juntos”. Eu fiquei super empolgado e já tava querendo montar uma banda mesmo, e aí, pra resumir, fui pedindo indicações para amigos e conheci o Nilo e na época chamei um baixista que já não tá mais na banda hoje, mas enfim, foi baseado em indicações e de amigos em comum que a gente se conheceu. E aí eles abraçaram a minha ideia que, até então, tava só na minha cabeça. Ninguém saberia que a gente ia chegar nos números que a gente já tem hoje e construir o que a gente tá construindo apesar de ser uma banda nova. Eu considero a gente uma banda nova porque lançamos nosso primeiro álbum em 2018, então temos três anos de mercado. 

LINDIE: Você comentou agora que antes lançava projetos solos. Como você vê essa diferença entre seus lançamentos solos e seu lançamento com a banda? 

Luccas: Bom, eu sou o compositor das músicas, algumas são em parceria, mas a maioria das músicas que a Balara grava, pelo menos até o momento, são composições de minha autoria. O que eu vejo de mudança de quando eu tinha carreira solo para o momento com a banda… Tem tanto o aspecto da mudança natural, do amadurecimento em relação à composição porque qualquer artista, com o tempo, sempre vai mudando o jeito de compor. Quanto mais tempo, quanto mais horas de voo você tiver, você vai trazendo para sua arte toda bagagem de tudo aquilo que você viveu, de tudo aquilo que você sentiu. Então isso é uma coisa natural, que eu acho que aconteceria de qualquer maneira. Mas eu acho que, primordialmente, sobre a banda, é a questão de ter mais impresso a personalidade de cada integrante… Então no caso da banda, eu sinto que traz essa coisa do conjunto mesmo. Todas as músicas você escuta e percebe que tem uma unidade sonora que se amarra num trabalho como um todo, então essa eu acho que é a diferença primordial, e a questão da colaboração e da interação do trabalho em conjunto. 

LINDIE: Vocês lançaram o primeiro álbum em 2018, você esperava que tivesse a repercussão que teve e tudo o que aconteceu depois desse álbum? 

Luccas: A gente sempre imagina umas coisas antes… Na época em que eu tinha os meus trabalhos anteriores o mercado fonográfico era diferente. Esse álbum da Balara eu considero, acho que tanto pra mim quanto para os outros meninos, que é o nosso primeiro álbum nessa nova era do streaming. Algo que eu considero uma virada, uma coisa que foi muito positiva pro mercado, porque permitiu com que bandas que não são parte que uma gravadora multinacional conseguissem chegar nos ouvidos de muita gente. Eu confesso que o estágio que a gente tá de audiência online hoje, eu imaginava que demoraria mais. Porque eu via muitas bandas que eu falava assim “Meu Deus do céu, isso é bem inatingível” ou então assim “Caramba, acho que a gente só vai conseguir chegar nisso aí se um dia a gente for contratado por uma grande gravadora”. E meio que a gente acabou conseguindo chegar em alguns estágios, conseguimos algumas coisas, independente de ter uma grande gravadora ou não. Acho que seria uma hipocrisia se eu dissesse que não esperava porque, claro, quando a gente lança um trabalho, a gente tá fazendo o nosso melhor, eu queria ter a audiência do U2, sei lá, do Ed Sheeran, ou de qualquer outra banda gigante. A gente gostaria - e trabalha todos os dias pra chegar onde a gente tá - mas eu acho que aconteceu de uma maneira um pouco mais rápida do que eu imaginava. Mas foi degrau a degrau. Hoje no Spotify nós estamos com mais de 300 mil ouvintes mensais, é claro que tá longe de muitos artistas gigantes, mas pra uma banda independente com três anos de mercado, eu vejo que é um número muito legal. Na primeira semana o seguidor número 1 foi eu, depois veio a família, os amigos… E você vai conquistando, passo a passo. E é claro que, com o tempo, quanto mais relevância a gente vai ganhando nas plataformas, a própria plataforma vai entendendo que aquele artista tem uma relevância e ela também ajuda nessa engrenagem. Mas a gente fica mega feliz e mega grato porque sabemos que tem muita gente que é muito fiel, embora não tenhamos uma legião de fãs, tem pessoas que escutam todos os dias. Assim nós vamos caminhando devagarinho, com humildade e gratidão a cada pessoa que estende a mão pra que a gente possa levar nosso trabalho pra mais longe. 

LINDIE: Sobre o próximo álbum, eu vi que vocês estão se preparando. O que as pessoas podem esperar desse próximo trabalho de vocês?

Luccas: Eu tenho certeza que é a melhor safra de músicas que eu já escrevi, tem uma faixa que é com um parceiro novo, um compositor muito bom. Não é um álbum todo parecido com o Deixa Ela Voar, que é uma faixa mais pop, mas tem umas faixas mais rock, algumas com influência de MPB mais contemporânea… Eu não gosto de dar muito spoiler porque ainda tem um tempo pra chegar, mas tá lindo demais! É Balara 2.0, pra quem gosta do nosso tipo de sonoridade, do tipo de mensagem que a gente carrega, pode esperar algo ainda muito mais legal. Tá chegando coisa muito linda por aí. 

LINDIE: O álbum todo sai ainda esse ano?

Luccas: Eu não sei se vai dar tempo do álbum ficar todo pronto ainda esse ano, porque cada faixa vai ter um vídeo, então tá dando um trabalho extra de bastidores e burocracia. Tirando a própria pandemia, que já atrasou muito o nosso álbum, que já era pra ter sido lançado faz tempo. 

LINDIE: Vocês gravaram o álbum durante a pandemia, né?! E como foi a gravação? Como vocês fizeram isso? 

Luccas: Foi de uma maneira inédita, porque foi quase tudo à distância. Cada instrumento, cada coisa foi gravada num lugar separado. Então, eu fazia coisas aqui e mandava para o produtor. A maioria das vozes eu gravei aqui, guitarra, violão… O produtor que trabalhou junto comigo, o Jeff Pina, ele me enviava o que precisava, e eu gravei aqui no meu estúdio, que fica na minha casa. A tecnologia ajudou muito. Só que isso demora né?! Até você conseguir um horário que todos possam… Tudo isso atrasa. Seria muito mais rápido se fosse todo mundo pro estúdio, como foi o primeiro álbum, que foi gravado em cinco dias. Foi uma loucura! Mas deu certo, funcionou. 

LINDIE: Você comentou sobre as lives, e nós sabemos que teve uma ascensão neste período de pandemia. Como vocês se organizaram quanto a isso? Já estão pensando em shows presenciais para o próximo ano? 

Luccas: Bom, sobre lives, nós fizemos algumas na pandemia, eu não lembro exatamente quantas. Por conta dos protocolos de segurança foram lives acústicas, com exceção de uma que foi uma live maior, que nos contrataram pra fazer com banda e teve um estrutura gigante de palco e de transmissão. Algumas lives foram para arrecadar doações pra pessoas que precisavam de cesta básica, por exemplo, e uma foi para um projeto aqui da Baixada Santista que se chama Arte no Dique, é uma ONG que fica numa comunidade super carente. Várias lives ao longo da pandemia foram para isso. E algumas também para uns festivais online. Mas tudo acústica mesmo, muitas delas foi só eu que fiz. E sobre os eventos presenciais, sim, a gente tá pensando nisso, mas ainda é algo um pouco nebuloso, não tá 100%, porque muitas questões influenciam nessa parte, mas a gente tá louco pra poder voltar com segurança! Eu não tô com ansiedade de fazer show a qualquer custo, eu vejo que tem um monte de gente que tá tocando, aliás, gente que nem parou de tocar na pandemia, festas clandestinas… Mas eu quero tocar quando tiver mais seguro, tanto por mim quanto pelos outros. É complicado, a gente tá passando por um momento muito difícil, que eu espero que esteja perto do final. 

Ouça a Balara:

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