Há vezes em que, por mais que exista todo um cenário favorável, não nos sentimos, verdadeiramente, prontos ou indo na direção certa. Com anos de estrada, fãs fiéis e muitas histórias para contar, Rodrigo Dias, Gabriel Ruffo, Vitor Gomes e Yan Alves deram uma solução para esse sentimento com uma reformulação e um novo passo na carreira: sai de cena R.Diaz e chega a Jorgens. A primeira aparição da banda será na próxima segunda-feira, 13/12, com o primeiro single do disco de estreia, Segunda.
“Tenho essa essa pira desde a época da R.Diaz de lançar as coisas para as pessoas ouvirem logo cedo, pela manhã. Ouvirem dentro do ônibus indo trabalhar, para a faculdade, para o colégio. E essa música, mano, ela parece que é feita pra isso, assim. Ela se chama Segunda e, na minha percepção, ela ilustra uma segunda-feira. Acho que faz sentido. Pelo menos pra mim, fala de rotina, fala de segunda mesmo, sabe? Até nas observações da vida adulta”, conta Rodrigo Dias em entrevista exclusiva ao Lindie.
Com outra roupagem, o grupo muda sua sonoridade principal, profissionaliza processos e traz à tona uma nova bagagem musical após dois anos de pausa. Em 2019, quando o período sem atividades foi anunciado, a R.Diaz vivia dias de glória, com shows energizados pelo público - frequente em todas as apresentações -, que cantavam em plenos pulmões as faixas dos discos Caos in Sampa (2016) e Narciso (2018), além do single Carnaval (2019) e da parceria com a banda Sueste, Distração (2019).
A “brincadeira que deu certo”, como lembra o Yan, passou a não contentar mais os músicos, que sentiram que o momento precisava de um pouco mais de calma e disciplina. “O Vitor falou que não estava mais curtindo e que deveríamos começar novamente. E, realmente, a gente começou a fazer as coisas de uma forma meio descontrolada. Nós falávamos “pô, vamos gravar uma parada, a gente vai lançar e aí, sei lá, as coisas vão acontecendo” e não tínhamos tanto controle assim, tentávamos controlar as coisas, mas não saia do jeito que a gente queria. Então resolvemos fazer com calma, ter um nome decente e organizar as coisas assim pra poder fazer tudo bonitinho”, explica Rodrigo.
“Nós parcelamos muito o processo, né? Tinha hora que a gente queria fazer um lançamento e a gente sentava, fazia várias reuniões e falava ‘mano, a gente tem a música só falta a se organizar’, mas a gente não tinha essa organização, porque a banda meio que surgiu no susto”, comenta Yan Alves. “Quando sacamos que queríamos fazer as coisas de outra forma, resolvemos dar essa pausa, justamente pra poder controlar um pouquinho melhor as coisas, sabe?”, completa Rodrigo.
Entre a pausa da R.Diaz e a ascensão da Jorgens, dois anos correram, mas o quarteto garante que, sem a pandemia, o retorno seria mais rápido. Antes mesmo de parar as atividades em 2019, o grupo já tinha as composições do primeiro disco da Jorgens prontas. “Era uma coisa que poderia vir a ser um disco R.Diaz mesmo. Tem muita música que já estava pronta em 2016, tem música que fazia parte do nosso acervo, sacou? E quando a gente resolveu dar essa pausa pra começar a pirar num disco novo, a gente já tinha umas trinta músicas que tivemos que destrinchar, tinha umas que era só um música que tava completa, enfim. A gente teve que caçar muita coisa e deixar outras de fora, mas já tava quase tudo pronto. Acho que teve uma ou outra música que apareceu mais no meio do processo. No geral, são músicas que estavam guardadas pra alguma coisa que aconteceria, a gente não sabia quando, nem como, mas calhou delas acontecerem agora, sim”, descreve Rodrigo.
Além das músicas, o novo nome também já estava definido. “Ensaiamos no estúdio Nimbus e os donos do espaço chamavam a gente de “jovem” e, depois, virou “Jorge”. Então mudamos para Jorgens como um conjunto de “Jorge”. Agora todo mundo virou Jorge, sabe? Esse é o Jorge. A gente acabou falando, não, faz sentido pra gente. Isso faz sentido pra gente. É o que há. Não precisa ficar criando tanto conflito. Vai demorar pra acostumar esse nome aí. A galera vai demorar um pouquinho, mas a gente já se acostumou”, revela Yan.
No estúdio com a Jorgens
Para começar os trabalhos com a Jorgens, o quarteto preferiu ir pelo caminho mais profissional possível e evitar os mesmos processos que mantinham com a R.Diaz. “A gente levou [as músicas] pro estúdio Yellow Green, da Vila Mariana [em São Paulo] e assim, é um estúdio que a galera é mais das antigas e já tem o know-how, tem história. Dessa vez a gente contou com um arranjador que foi o produtor do disco que é o James. Ele pegou nossas músicas e falou ‘pô isso aqui é muito legal, vamos dificultar pra caramba, vamos deixar um pouquinho mais complexo’. Foi a primeira vez que a gente trabalhou com um arranjador, uma pessoa que pegou as melodias e rolavam até algumas conversas sobre qual nota vai se encaixar melhor, uma coisa que a gente não tinha esse hábito de fazer", explica Yan.
As gravações, no entanto, foram um pouco conturbadas por conta do tempo em estúdio, que passou de 15 para 10 dias e, assim, Rodrigo, Gabriel e Vitor passaram mais horas do que o previsto por dia no local. "Mesmo com tudo o que aconteceu, acabamos aprendendo bastante, desde ter a disciplina para ir ao estúdio, como ter que estudar para tocar as próprias músicas. Antes não existia, a gente só gravava, saia gravando e tal", fala Vitor.
O contato com pessoas mais experientes também proporcionou participações especiais no disco, como Luiz Galdino, que fez parte d'O Teatro Mágico. “Foi absurdamente doido ver o cara tocando na minha frente e a gente ‘mano o cara ali do lado e eu só vi ele em cima do palco’ era doido”, relembra Yan. Há, ainda, a colaboração de Luiz Carlos, percursionista. “O cara já tocou com os mais monstros assim, foi percussionista do do Tim Maia, já tocou com Ivan Lins, com Stevie Wonder, com George Benson e a gente teve a honra de ter a percussão dele no nosso disco. É um cara que agregou bastante pra gente nesse disco”.
Ainda sem data definida para o lançamento do disco, a Jorgens se prepara para divulgar a primeira música, Segunda, em 13/12.