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Sebastián Piracés-Ugarte, o Sebastianismos, está com uma blusa preta e um blazer de oncinha por cima, na frente de um fundo preto. Apenas a luz diretamente em seu rosto ilumina o ambiente. Seu moicano - quando o cabelo é cortado aos lados da cabeça - está com as cores do arco-íris.

Publicado porLuisa Pereira

em 30/08/2021

As guitarras marcadas, baterias e baixos em compasso com a melodia e, na plateia, roupas pretas, franjas ou cabelos espetados, acessórios metálicos e maquiagem escura. Todos esses elementos remetem ao ápice do emo e do pop punk nos anos 2000, encabeçados, no Brasil, por Fresno, NX Zero, Hateen, CPM22, Rancore, Gloria, entre outros. Aos poucos, porém, o estilo saiu do mainstream, mas nunca morreu, permanecendo em produções das bandas já consagradas e das novas, que fortaleceram a cena independente. Desde 2019, o que se vê é o retorno do gênero ao midstream e mainstream, tanto fora, como dentro do Brasil. Agora, a história ganha mais um capítulo: o álbum Tóxico, do projeto solo de Sebastián Piracés-Ugarte - integrante da banda Francisco, el Hombre -, o Sebastianismos.

Nostálgico e atualizado ao mesmo tempo, o disco embala 10 faixas com os elementos clássicos do estilo e adiciona bases de outros gêneros, como pop, rock e synth pop. A mistura foi apelidada por ele como “tropikal punk” e, em pouco menos de 25 minutos, leva o público a uma viagem em meio às cordas da guitarra e suas próprias lembranças. 

Metade das faixas trazem participações, como Fernando Badauí (CPM22), em Não Mudaria Nada, Fresno, em Cicatriza, Dani Weks, ex-baterista do NX Zero, em Jogo de Azar, a baiana Malfeitona, em Se Nem Deus Agrada Todo Mundo Muito Menos Eu, e o beatmaker Faustino, em Indestrutível. Tóxico é curto e passa sua mensagem em letras que falam sobre o mundo atual, sonhos, desilusões, amores e amizades, sempre do modo pop punk e punk rock de contar histórias.

Tóxico é um brinde à nostalgia dos anos 2000

Apesar dos elementos atuais, as artes visuais e sonoridade abraçam o público ferrenho desses estilos no início do século. Com imagens com cores fortes, o cabelo espetado e as roupas que conversam com a estética proposta, Sebastianismos faz um brinde à nostalgia sonora dos ritmos no midstream. 

A faixa que abre o trabalho é também a que leva o nome do disco. Em Tóxico, a mesma frase é repetida ao longo dos pouco mais de dois minutos, em uma reflexão sobre o mundo atual. Além da letra reduzida, as guitarras, bateria e levadas características do ritmo são introduzidas. Encerrada com um grito, ela abre espaço para Não Mudaria Nada, com a presença de Badauí, sendo o primeiro grande ato do álbum e que poderia ser maior. A canção começa de modo calmo e rapidamente aumenta a intensidade, com frases pronunciadas de forma rápida e em alternância entre os dois artistas que compartilham os vocais. Ao final, a música volta ao ritmo normal.

SOS chega depois, como um pedido de socorro, literalmente. Na letra, Sebastianismos fala sobre se adequar às expectativas dos outros e, no fim, se perder de si mesmo. Encerrada sem uma espécie de respiro, assim como as anteriores, a próxima já começa, em ritmo frenético. Jogo de Azar é mais calma que as duas anteriores, trazendo uma onda indie rock. Dani Weks, ex-baterista da NX Zero, colabora na faixa.

O ápice do álbum chega com Cicatriza, em parceria com a banda Fresno. Mais lenta no início, os vocais de Sebastianismos e Lucas Silveira logo pegam um embalo mais intenso. “De todas bads que eu sobrevivi, a pior foi você. [...] E as cicatrizes que eu colecionei não deixam esquecer”. Essa faixa é a que mais se aproxima da estética e elementos do emo.

Todo Dia é o Fim do Mundo vai por outro caminho da anterior, sendo a mais próxima da sonoridade da banda Francisco, el Hombre, com maior presença de sintetizadores. Primeiro single, Bomba Relógio, chega após ser chamado em Todo Dia é o Fim do Mundo, flerta com o pop punk atual, mais presente no mainstream desde 2019, com Machine Gun Kelly.“Me sinto tão bomba relógio. Me envenenei de amor. Tô me afogando em ódio”.

Retomando ao pop punk, Hoje Não Quero Ver Ninguém surge. Na letra, o eu-lírico passa por um momento de introspecção após uma decepção. O autotune marcado no final destoa das demais faixas. A penúltima de Tóxico, Se Nem Deus Agrada Todo Mundo Muito Menos Eu, em parceria com a baiana Malfeitona, traz fortes influências em Blink-182

Indestrutível, com beatmaker Faustino, é a mais trabalhada entre elementos do pop punk e da eletrônica. A canção encerra o disco em alto astral, após uma montanha-russa de sentimentos.

Tóxico pode ser visto como uma viagem nostálgica ao passado, mas não é apenas isso. Com elementos atuais, Sebastianismos faz seu tropical punk funcionar em diversas sintonias e gêneros.

Destaques: Não Mudaria Nada, Cicatriza, Bomba Relógio, Se Nem Deus Agrada Todo Mundo Muito Menos Eu e Indestrutível

Ouça Tóxico:

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