Lindie

Logo Lindie
Rancore reafirma a potência que é no Oxigênio Festival

Publicado porLuisa Pereira

em 02/09/2023

Desde que o lineup do Oxigênio Festival foi divulgado, um nome ecoava na cabeça dos fãs de hardcore nacional: Rancore. A banda, formada em 2001, tem três discos de estúdio: Yoga, Stress e Cafeína (2006), Liberta (2008) e Seiva (2011) e encerrou suas atividades em 2014. Quase dez anos depois, eles retornaram com a mesma formação do último álbum para uma série curta de shows, entre eles os dois feitos no último final de semana no Oxigênio.

A década entre a pausa e o retorno do grupo - composto por Teco Martins (voz principal), Candinho Uba (guitarra), Rodrigo Caggegi (baixo e vozes de apoio), Ale Iafelice (bateria e vozes de apoio) e Gustavo Teixeira, o Gulão (guitarra e vozes de apoio) - por apenas alguns encontros, gerou uma onda de ansiedade, paixão e explosão nos fãs, que esperaram por longos anos a tão sonhada “volta do Rancore”.

Ale Iafelice durante o show de sábado no Oxigênio Festival Ale Iafelice durante o show de sábado no Oxigênio Festival / Foto: Mariana Luiza

Assim, a importância da banda na cena ficou evidente por conta dos dois shows feitos no festival: sábado (26) e domingo (27). Com uma legião de fãs vestidos em camisetas comemorativas, antigas e novas, e com tatuagens do grupo, o quinteto fez apresentações viscerais e energéticas em ambos os dias, entretanto, a noite de domingo rendeu um tom emocional maior por ser, até então, o último espetáculo deste “retorno”.

Teco Martins no primeiro dia de festivalTeco Martins no primeiro dia de festival / Foto: Mariana Luiza/Lindie

O show de sábado

Ainda de tarde, às 16h45, a apresentação do Rancore teve início, após o grupo Sapobanjo. A banda trouxe uma seleção de clássicos para a plateia, que estava animada por revê-los. Escravo Espiritual, do disco Seiva, abriu o show e, no meio, já era possível enxergar a roda que se formava. Mesmo com a dinâmica do Oxigênio de manter um palco aberto e outro fechado distantes um do outro, já estava lotado, sem grandes espaços vazios, como anteriormente.

Fãs cantaram junto com o quintetoFãs cantaram junto com o quinteto / Foto: Mariana Luiza/Lindie

De longe, o que se via no meio do público era um grande encontro de fãs que ansiavam por um momento com o Rancore por longos anos. Em seguida, Jeito Livre e Samba, também do último álbum de estúdio, foram entoadas. Entorpecidos, parecia existir um movimento de mais calma por todos os envolvidos no espaço destinado ao evento na Barra Funda naquele momento. No palco, os músicos pareciam mais tensos do que haviam se mostrado no Agulha Sounds, uma semana antes. 

Para introduzir Mãe, Teco fez sua primeira interação com os fãs. “Tem muita gente que viajou para estar aqui hoje, está na chuva…Tem também pessoas que queriam estar com a gente, mas não puderam. Então vamos curtir por elas, peço que não tenham vergonha da pessoa que está ao seu lado, não pense nem no seu futuro e nem no seu passado. Seus problemas não estão convidados”, disse o vocalista para pedir que a plateia se abraçasse e pulasse ao longo da faixa. O pedido, prontamente atendido, parece ter tirado as pessoas que ficaram nas laterais do transe em que se encontravam até o momento. 

Candinho na apresentação de sábadoCandinho na apresentação de sábado / Foto: Mariana Luiza/Lindie

Transa seguiu o show e 5:20 + Ritual fizeram, como sempre, uma dupla de peso. Na transição de uma para outra se via pessoas correndo de todos os lados para chegar ao meio da roda. Ritual atingiu a todos como uma explosão vinda diretamente da plateia. Liberta, Respeito É a Lei - as duas primeiras faixas que não pertencem ao Seiva (2011) estão no disco Liberta (2008) - e Planto acalmaram os ânimos de certa forma, porém, ainda seguia animado.

Gustavo Teixeira, o Gulão, durante o show de sábado Gustavo Teixeira, o Gulão, durante o show de sábado / Foto: Mariana Luiza/Lindie

Mulher foi uma homenagem a todas as mulheres que estavam presentes e as que não estavam. A roda esvaziou e pessoas que estavam nela iniciaram a busca por suas amadas, amigas e familiares. O momento rendeu carinho por todos os cantos. Escadacronia e Temporário vieram logo em seguida.

Foi com Quarto Escuro que a banda pediu mais apoio do público afirmando que, caso a energia fosse intensa, outra música seria tocada posteriormente. De surpresa, a , vocalista do Gritando HC foi convidada. A partir daí, o clima caótico tomou conta do ambiente, pessoas correndo, cantando aos gritos e uma sensação única atingia a todos até que a música foi pausada para o atendimento de um fã que havia caído no meio da roda. Depois do susto, Teco pediu que ele subisse no palco e reiniciou a faixa. Como prometido, a banda ainda tocou Yoga, Stress e Cafeína, única faixa do disco homônimo de estreia.

Rodrigo Caggegi foi o responsável por dar o "ok" para a última músicaRodrigo Caggegi foi o responsável por dar o "ok" para a última música / Foto: Mariana Luiza/Lindie

Deste modo, enquanto anoitecia em São Paulo, o Rancore proporcionava um show energético e intenso, mas, ainda um tanto ensaiado e com um visível receio de se entregar no palco, provavelmente por ser a primeira apresentação maior desde o retorno. 

Teco gritou, cantou, pulou e viveu os dois shows junto com a plateiaTeco gritou, cantou, pulou e viveu os dois shows junto com a plateia / Foto: Mariana Luiza/Lindie

A redenção no domingo

Com uma setlist idêntica, o show começou mais tarde, por volta de 20h20. Neste dia, os músicos já subiram mais leves no palco e os fãs se mostraram entusiasmados, mesmo com a chuva que insistia em cair. Agora com efeitos de fumaça e confete, a apresentação atingiu níveis viscerais de alegria e intensidade tanto por parte dos artistas, quanto do público. Rodas, grupos de amigos e famílias inteiras se divertindo eram visíveis na plateia. Por ser, até então, o último show da Rancore, todos os segundos eram vividos profundamente por todos ali. Encerrando a noite com Teco em um stage dive do ínicio ao fim do espaço destinado ao show, com vários fãs correndo para segurá-lo.

O vocalista da Rancore ainda no início do espetáculoO vocalista da Rancore ainda no início do espetáculo / Foto: Mariana Luiza/Lindie

Assim, com dois shows cheios de entusiasmo e anseio, a banda Rancore mostra que é uma potência mesmo após anos longe dos palcos - o que intensificou a insanidade dos fãs nos três encontros com o grupo, por enquanto -, e que deve permanecer forte nos corações e almas de quem a ama e presenciou estes momentos únicos.

 

Compartilhe nas redes sociais:

Você também pode gostar

Logo Lindie

Abra sua mente para novos sons.

© 2020 Lindie. Todos os direitos reservados