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Banda Cefa posa para foto. Enquanto Gabe Oliveira (Guitarra) e Giovani Gonçalves (Baixo) estão em pé, Caio Weber (Vocal) está agachado

Publicado porLuisa Pereira

em 05/10/2023

A banda Cefa está prestes a lançar seu terceiro disco. O sucessor de Caos (2020) é Pra que a Realidade não Destrua, com oito músicas — quatro delas ainda inéditas. O trabalho estará disponível em todas as plataformas digitais pelo selo Marã Música a partir de 5 de outubro. 

Formado atualmente por Caio Weber (Vocal), Gabe Oliveira (Guitarra) e Giovani Gonçalves (Baixo), o trio aposta em um álbum sensível e profundo, explorando a vulnerabilidade pessoal em diversos aspectos, como trabalho, relações amorosas e íntimas. Essa fragilidade apresentada nas letras de Caio já eram fortes em Caos, mas, agora, ganha um novo patamar. 

Diferente do antecessor, Pra que a Realidade não Destrua não tem um teor político tão marcante. Justamente por isso, é um disco mais subjetivo, com críticas pontuais à meritocracia e o constante medo do futuro. Nesta conjuntura, os músicos puderam ousar na parte sonora e mesclar o característico metalcore, post-hardcore e rock alternativo da banda com elementos que carregam uma brasilidade aflorada, como o funk carioca, piseiro e o uso de synths.  

Ao todo em sua discografia, a Cefa têm dois álbuns de estúdio — O Fantástico Azul ao Longe (2015) e Caos (2020) — e dois EPs — Os Dias que Antecedem As Rosas (2012) e a compilação dos singles de 2017 a 2019, intitulada Alúmen — em uma jornada de pouco mais de 10 anos de existência. 

A fragilidade de uma forma bela e estética

A Cefa, que sabe causar impacto na medida certa no público, revelou quatro das oito músicas presentes no disco e, para quem acha que sabe o que esperar por conta dos singles, é melhor esperar para ouvir as inéditas. Pra que a Realidade não Destrua já começa com Medo, faixa que traz questões sobre insegurança, medo do futuro e incerteza, como pode ser demonstrado no trecho a seguir: “Me sinto um barco no meio do nada / ancorado, quebrado, esquecido / a solidão é o meu único amigo”.

Com viradas entre beats do funk carioca e riffs pesados de guitarra e a voz de Caio oscilando da vulnerabilidade para a emoção aflorada na interpretação, a faixa é uma abertura e tanto para o disco. Nela, a banda explora o novo ao mesclar a brasilidade de outros gêneros com o habitual rock. 

A segunda música é O Infinito que Existe em Mim, o primeiro single divulgado do disco, ainda em 2022. A faixa retrata a profundeza de um sentimento que flerta com a raiva por conta de experiências frustradas em relações pessoais e a volta por cima. “Tentaram diminuir e suprimir o infinito que existe em mim / mas transbordei / e agora eu sei que não devo mais me apagar”

Alguém Me Tira Daqui! chega em seguida, novamente com um toque a mais, dessa vez o piseiro aparece em alguns momentos. Novamente medo, solidão e fragilidade são mostrados sem receio. “por favor / alguém me tira daqui / quero fugir para bem longe de todo esse caos / me cansei de viver tentando ser normal”. 

Ponto Final (ou uma Reticência) completa a fase dos três singles em sequência. Essa é uma música profunda, cheia de nuances e conflitos internos, trazendo uma nova fragilidade: o amor. “Diz se ainda posso te encontrar no meio da sua bagunça / se é um ponto final ou uma reticência”.

A quinta faixa é Labirinto e, aqui, há um aceno à Cefa de Caos, com uma crítica acentuada a meritocracia e vocais mais irônicos e agressivos acompanhados de uma sonoridade complementar. “Essa mentira que tentaram te vender / de que o futuro só depende de você / como se a vida não passasse de um jogo / te faz morrer tentando alcançar o topo”. Esse é um dos poucos momentos do disco em que a banda entrega algo parecido com o que já havia feito antes e, mesmo assim, carrega mudanças em relação ao material antigo. Pra que a Realidade não Destrua parece um pontapé para uma nova fase.

Em seguida, Ansiedade dá lugar a uma melancolia repleta de versos angustiados e sem controle, como o nome descreve. As variações entre os momentos calmos, com uma voz mansa de Caio, e os mais pesados, quando a emoção transborda dos vocais, levam o ouvinte ao extremo do sentimento.

Marília é “um tipo de homenagem à cantora Marília Mendonça”, como define a banda. A melancolia da faixa passada transborda nesta, que pontualmente fala sobre seguir a vida depois de uma pessoa querida não estar mais no plano terrestre, em uma breve referência à cantora, mas também com uma interpretação mais ampla em certos trechos. A faixa é inteiramente acústica. Há alguns meses, o vocalista do grupo contou no Twitter que, na época em que estavam se preparando para fazer o disco, passava por um "bloqueio criativo brutal" e a morte da cantora o impactou de tal forma que ele compôs essa música.

E, para finalizar o álbum, Essa é Sobre Nós. Ainda no tom melódico das anteriores, a faixa é uma declaração de amor, com uma crescente do meio para o final. “Se a tempestade tentar te levar / me jogo nesse mar e te trago de volta / o medo não pode nos afundar / se estivermos juntos”.

Em outras palavras, Pra que a Realidade não Destrua apresenta uma nova faceta da Cefa, que se desprende, em partes, do que fazia - e do jeito que fazia - no passado. No álbum, ainda é a banda que conhecemos, mas com uma nova roupagem e mais ousadia para experimentar e apostar no novo. A próxima fase da banda chega para reunir ainda mais gente em sua fanbase.

Faixas em destaque: Medo, O Infinito que Existe em Mim, Ponto Final (ou uma Reticência), Labirinto, Ansiedade e Essa é Sobre Nós

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