Após 6 singles lançados desde abril, a banda carioca Zander finalmente nos deixa conhecer a sua mais nova criação, o álbum Em Carne Viva. Fruto de questionamentos, lições e sentimentos, a banda nos revela um novo lado, explorando sonoridades novas, letras profundas e uma estética impecável.
Nascida em 2009 e diretamente do Rio De Janeiro, Zander é uma banda de post-hardcore formada por Gabriel Zander (vocalista e guitarrista), Carlos Fermentão (baterista), Gabriel Arbex (guitarrista) e Marcelo Malni (baixista). Repleta de influências, tais como emo, grunge, punk rock melódico e rock alternativo dos anos 90, a banda é uma das mais icônicas quando o assunto é o cenário underground. Como o próprio vocalista diz, é uma banda sem rótulos em termos de sonoridade, e seu novo álbum nos mostra o quão abertos os integrantes estão para novos sons. A banda surgiu do antigo grupo do vocalista, a Noção De Nada, fundada em 1994, com uma fusão de punk rock e hardcore que se tornaram influentes nas décadas de 1990/2000. Zander já possui 4 quatro álbuns de estúdio, sendo eles: Brasa (2010), Flamboyant (2016), Vivo (2019) e sua mais nova obra, Em Carne Viva (2021). Em comparação com trabalhos passados, podemos dizer que seu quarto álbum procura abranger problemas vistos na sociedade, como a apatia, por exemplo.
“Em Carne Viva” é a faixa título, e também a que abre o álbum. Na canção, o vocalista e guitarrista Gabriel Zander é sincero a respeito de sentimentos que tanto assombram nossas vidas nos últimos anos, retratando isso com guitarras tão pesadas quantos seus vocais. “Por onde se perdeu a calma?”, “Quando se perde a cabeça e a razão sem pedir desculpas / e tudo sempre esteve aqui, em carne viva” são claras lamentações do vocalista a respeito de tudo o que passamos em algum momento. A falta de paciência e empatia são pontos abordados pela canção, e que realmente carecem de relevância ultimamente.
A faixa “Síncope” é a respeito de enxergar além do próprio egoísmo, é sobre saber entender o sentimento do próximo, e como a própria canção diz, ”Quem vê fora não sente dentro / quanta mágoa ficou aqui, guardada em mim”. É também sobre o cuidado com quem gostamos ou nos relacionamos, e também sobre evitar feridas, “Doeu quando você partiu / e por fim desabei, desmoronei”.
E sem perder suas origens, a banda transita entre estilos musicais antes inexplorados, e chega a flertar com elementos da música pop em uma das faixas do disco. É o que acontece em “Decolagem, pouso”, música que conta com a participação especial da dupla Scatolove, formado por Isa Salles e Leo Ramos, e juntos, dão voz à faixa mais pop de toda a carreira da banda Zander. Além disso, o final da canção se conecta com o começo de “Pela Janela”, música que encerra o álbum, com Gabriel (vocalista) e sua filha cantando juntos, formando a ponte de uma faixa à outra.
E por falar de participações especiais, isso o disco não deixou a desejar. “Em Carne Viva” recebe grandes nomes da música underground brasileira, como Popoto (Raça), Teco Martins (ex-vocalista da banda Rancore), Sebastianismos (da banda Francisco, El Hombre), da já citada Scatolove e do genial Lucas Silveira (Banda Fresno).
É também digna de admiração a estética pensada para o lançamento dos singles que formam o álbum. Como dito antes, a banda Zander vem lançando singles desde o começo desse ano, e cada single tem sua capa de uma cor diferente, uma cara própria, que no final, formam a explosão de cores presentes na capa do disco, como se tudo lançado antes estivesse agora junto, como foi pensado para ser.
O disco é diferente de tudo que a banda havia feito anteriormente, e sem perder suas raízes do hardcore. Isso não é sinônimo de perca de qualidade, pelo contrário, Zander vem evoluindo mais a cada dia. Abrir a mente para novos horizontes e influências é sempre necessário para se descobrir cada vez mais, e “Em Carne Viva”é a prova disso.
Faixas em destaque: “Desalento”, “Decolagem, Pouso”, “Pela Janela” e “Em Carne Viva”